11º Congresso Brasileiro de Mastozoologia e 11º Encontro Brasileiro para o Estudo de Quirópteros

Dados do Trabalho


Título:

ARMADILHAS DE PELO PARA VEADOS FLORESTAIS

Resumo:

A amostragem não-invasiva permitiu o avanço dos estudos na genética de animais selvagens. Os pelos estão entre os materiais biológicos mais utilizados em pesquisas com mamíferos, devido a qualidade de DNA que possuem. A obtenção dos pelos é normalmente feita através de armadilhas, que utilizam de uma superfície aderente para coleta e são montadas em locais de passagem dos animais. Apesar dessa abordagem ser comum para várias espécies, existe uma lacuna na aplicação de armadilhas de pelo para animais neotropicais com comportamento evasivo, como é o caso dos veados florestais do gênero Mazama. O presente trabalho buscou desenvolver uma armadilha de pelos que pudesse ser aplicada para esse grupo de animais em ambiente natural. Para elaboração das mesmas, foram testadas diferentes superfícies adesivas assim como arranjos de estrutura, visando a adaptação para cada uma das cinco espécies de Mazama existentes no Brasil. Os testes foram realizados em cativeiro, no Núcleo de Pesquisa e Conservação de Cervídeos (NUPECCE), onde as armadilhas foram posicionadas em carreiros no corredor de passagem e no piquete em que os animais transitam e contou 3 animais para cada espécie brasileira (Mazama americana. Mazama gouazoubira, Mazama jucunda, Mazama nana e Mazama nemorivaga). Foram avaliados o número de passagens que resultaram em coleta, o número de pelos deixados em cada armadilha e a viabilidade de seleção de espécie pela configuração das armadilhas. Foram testados 3 modelos de armadilha: um modelo foi constituído por uma linha e fita adesiva atravessando o carreiro em três alturas distintas de acordo com a altura de cada espécie, outro modelo foi composto de estacas com fita adesiva distanciadas em 15, 20 e 30 cm e um modelo composto por duas linhas fixadas dispostas em formato de “X” envoltas com fita adesiva. O modelo com altura de 45 cm (M americana e M. gouazoubira) e 40cm (M. nemorivaga) e a armadilha de estacas distanciadas 20cm (M. nana) apresentaram os melhores resultados. A espécie M. jucunda apresentou o comportamento de passar pelo mesmo carreiro, independente do modelo de armadilha presente nele. Nas melhores armadilhas o sucesso passagens que resultaram em coleta foi em média 66,7% e a quantidade média 12 de pelos coletados. As espécies apresentaram resultados positivos em relação ao sucesso e eficiência de coleta, sendo M. americana e M. gouazoubira as espécies mais promissoras. A espécie M. nana demonstrou maior habilidade em evitar as armadilhas, fato justificado pelo menor porte entre as espécies do gênero. O menor sucesso e efetividade de coleta foi observado entre os espécimes de M. nemorivaga, o que pode ser justificado pelo fato de tais indivíduos possuírem uma maior oleosidade no pelame. Os presentes resultados constituem um importante subsídio para aplicação desse tipo de amostragem direcionada em campo e trazem a perspectiva de coleta de uma matriz biológica com alto potencial para subsidiar trabalhos genéticos desse grupo elusivo.

Palavras-chave: Amostragem não invasiva, Armadilha de pelo, Mazama.

Financiamento:

FAPESP

Área

Inventário de espécies

Autores

Vinícius Strabelli dos Santos, Pedro Henrique de Faria Peres, José Mauricio Barbanti Duarte