11º Congresso Brasileiro de Mastozoologia e 11º Encontro Brasileiro para o Estudo de Quirópteros

Dados do Trabalho


Título:

LISTA DE ESPECIES, PERFIL DE OCORRENCIA E DISTRIBUIÇAO DA RAIVA EM MORCEGOS EM BELO HORIZONTE, MINAS GERAIS

Resumo:

A vigilância passiva da raiva em morcegos é uma importante etapa para o controle e prevenção da doença entre pessoas e animais domésticos. Os laboratórios públicos responsáveis por essa vigilância recebem diariamente um grande número de morcegos encontrados caídos no chão ou apresentando outros comportamentos atípicos para a investigação do vírus da raiva, e muitas dessas espécies são subamostradas em metodologias que utilizam as redes de neblina como único método de amostragem. O objetivo deste trabalho foi atualizar a lista de espécies de morcegos em Belo Horizonte, bem como analisar o perfil da ocorrência e distribuição da raiva em morcegos no município. Para a lista, foram reavaliados os morcegos depositados nas coleções zoológicas do município, além de novos exemplares coletados pelo Centro de Controle de Zoonoses de Belo Horizonte (CCZ-BH) e depositados na Coleção de Mamíferos do Centro de Coleções Taxonômicas da Universidade Federal de Minas Gerais (CCT-UFMG). Para avaliar o perfil de ocorrência e distribuição dos casos de raiva em morcegos, foram compilados os registros do CCZ-BH no período entre 2013 a 2021. O presente trabalho registrou 23 novas ocorrências de morcegos no município, totalizando 40 espécies. Das novas ocorrências, foram registrados 8 vespertilionídeos, 8 phyllostomídeos, 6 molossídeos e 1 emballonurídeo. Considerando os registros de espécies na região metropolitana de Belo Horizonte, há a possibilidade da ocorrência de outras 7 espécies das famílias Molossidae, Vespertilionidae e Phyllostomidae. Sobre a ocorrência da raiva, o CCZ-BH recebeu 2.221 morcegos no período avaliado, representando 1.090 (49,1%) Phyllostomidae, 1.055 (47,5%) Molossidae, 55 (2,5%) Vespertilionidae, 3 (0,1%) Emballonuridae e 18 (0,8%) animais que não puderam ser identificados. Um total de 106 (4,7%) animais foram positivos para o vírus Lyssavirus rabies (Lyssavirus, Rhabdoviridae), detectados através de Reação de Imunofluorescência Direta. Dos animais positivos, 90 (84,9%) foram morcegos frugívoros do gênero Artibeus, sendo Artibeus lituratus (n=80; 75,4%) a espécie mais afetada. Outras espécies infectadas foram: Platyrrhinus lineatus (frugívoro, n=1) e os insetívoros Nyctinomops laticaudatus (n=5), Nyctinomops macrotis (n=4), Cynomops planirostris (n=1), Promops nasutus (n=1), Tadarida brasiliensis (n=1), Myotis nigricans (n=2), and Eptesicus sp. (n=1). A maioria dos animais doentes foram encontrados mortos (n=77; 72,7%), caídos (n=103; 97,1%) e durante o dia (102; 96,2%). Os morcegos doentes encontrados vivos (n=29; 27,3%) foram encontrados caídos e apresentando agitação, incoordenação motora e agressividade. Os animais doentes foram encontrados distribuídos por todo o município e sem sazonalidades bem marcadas para a ocorrência. Em Belo Horizonte a raiva tem sido registrada em morcegos não hematófagos e o recolhimento de animais com comportamentos atípicos demonstra a importância da vigilância passiva da doença nesses animais, bem como contribui para um melhor entendimento sobre aspectos ecológicos da raiva envolvendo morcegos. O presente trabalho também demonstra a importância da combinação de diferentes fontes de amostragem de morcegos para uma melhor compreensão da riqueza, abundância e distribuição de espécies em uma região.

Financiamento:

Área

Outros

Autores

Érica Munhoz de Mello, Daniella do Valle, Fred Victor Oliveira, Fernando A Perini, Adriano P Paglia