11º Congresso Brasileiro de Mastozoologia e 11º Encontro Brasileiro para o Estudo de Quirópteros

Dados do Trabalho


Título:

DIMORFISMO SEXUAL PELVICO ACENTUADO CORRELACIONADO COM CAIXA CRANIANA AUMENTADA EM RATOS-DE-ESPINHO SEMI-FOSSORIAIS (RODENTIA, ECHIMYIDAE)

Resumo:

A morfologia pélvica em mamíferos é moldada por vários fatores, incluindo o suporte e propulsão da massa corporal, a diversidade de hábitos locomotores e comprometimento funcional com o parto. Uma vez que uma caixa craniana expandida em associação com um canal pélvico estreito pode dificultar o parto e reduzir a aptidão, alguns clados de mamíferos apresentam uma relação evolutiva detectável entre a magnitude do dimorfismo sexual pélvico e a morfologia craniana dos neonatos. Se em primatas essa associação é relativamente bem conhecida, em outros táxons, incluindo os roedores, a associação é quase completamente desconhecida. O presente estudo tem como objetivos descrever os padrões gerais de dimorfismo sexual na forma pélvica em Equimiídeos e testar a hipótese de sua coevolução com a morfologia craniana. Usando Análises de Principais Componentes a partir de medidas lineares, nós primeiramente investigamos as principais fontes de variação sexual na forma pélvica em 10 táxons: Clyomys, Euryzygomatomys, Isothrix, Kannabateomys, Makalata, Phyllomys, Proechimys, Thrichomys, Trinomys iheringi e Trinomys yonenagae. Posteriormente testamos a correlação filogeneticamente controlada entre as morfologias pélvicas masculinas e femininas e a variação craniométrica em adultos e juvenis. Os resultados revelam que o dimorfismo sexual, embora presente em todas as regiões da pélvis, está concentrado na região púbica, com as fêmeas apresentando uma sínfise púbica mais curta e espessa e um ramo púbico cranial mais fino e longo do que os machos; um padrão já relatado em outros mamíferos e relacionado às demandas obstétricas. Os atributos pélvicos tipicamente femininos mostraram-se mais pronunciados nas fêmeas de Clyomys e Euryzygomatomys, e menos evidentes nas fêmeas de Isothrix e Makalata. Detectou-se a manutenção de uma forma pélvica masculina relativamente pouco variável na maioria dos táxons, com exceção de Clyomys e Euryzygomatomys, cujas morfologias pélvicas masculinas se sobrepõem ao espetro de variação feminino dos demais táxons. Este resultado sugere que, assim como encontrado nas fêmeas, fatores funcionais típicos dos machos também atuaram na estabilização de sua morfologia ao longo da radiação dos equimiídeos. Usando uma abordagem de contrastes filogenéticos independentes, foi encontrada uma associação evolutiva significativa entre a intensidade da feminilização pélvica, o aumento do dimorfismo sexual pélvico e a aquisição de caixas cranianas expandidas e bulas auditivas infladas. Todas essas características se desenvolveram notavelmente no rato-de-espinho semi-fossorial Clyomys laticeps. Por fim, argumentamos que uma forte seleção na pelve de fêmeas de ratos-de-espinho semi-fossoriais, associada às suas morfologias cranianas e restrições ligadas a especializações locomotoras, provavelmente resultou em uma resposta seletiva correlacionada na pelve dos machos, conferindo-lhes as morfologias mais feminilizadas entre os machos dos táxons examinados. Nossos achados sugerem que a magnitude do dimorfismo sexual pélvico em equimiídeos está associada às demandas obstétricas impostas pelo aumento da caixa craniana já presente nos neonatos.

Palavras-Chave: Caviomorpha, Locomoção, Morfologia Funcional, Octodontoidea, Reprodução.

Financiamento:

CNPQ; FAPERJ

Área

Anatomia e Morfologia

Autores

William Corrêa Tavares, Leila Maria Pessôa