11º Congresso Brasileiro de Mastozoologia e 11º Encontro Brasileiro para o Estudo de Quirópteros

Dados do Trabalho


Título:

COMPORTAMENTO DE UM MAMIFERO ARBORICOLA NO INTERIOR DAS TOCAS DO TATU-CANASTRA (PRIODONTES MAXIMUS) NO PANTANAL DA NHECOLANDIA, MATO GROSSO DO SUL

Resumo:

O tamanduá-mirim (Tamandua tetradactyla) é um mamífero mirmecófago de hábitos principalmente noturnos e arborícolas. Entretanto, ele utiliza também o substrato para se locomover e obter recursos durante as suas atividades. Quando não estão ativos os indivíduos se abrigam em árvores e buracos feitos por outros animais, como as tocas do tatu-canastra (Priodontes maximus). Entretanto, há poucas informações sobre as atividades do tamanduá-mirim, a maneira como ele utiliza o substrato e nenhuma sobre seu uso das tocas do tatu-canastra. Nosso objetivo foi analisar o padrão de atividade da espécie no substrato, os horários e as temperaturas que os indivíduos utilizam as tocas do tatu-canastra e caracterizar os tipos de uso. Utilizamos dados de armadilhas fotográficas de um monitoramento a longo prazo de tatus-canastras entre 2011 e 2020 no Pantanal da Nhecolândia, MS. As armadilhas foram dispostas em frente as tocas do tatu-canastra ou em locais que continham vestígios dessa espécie. O padrão de atividade foi determinado pelo horário dos registros dos indivíduos que não entraram nas tocas. Já os registros onde o animal entra na toca foram agrupados em: inspeção (<3m), alimentação (>3m e <1h), descanso (>1h e <8h) e dormir (>8h). Utilizamos os registros de entrada e saída das tocas para determinar o período que o animal permaneceu dormindo e, consequentemente, o tempo restante para atividade. Determinamos também as faixas de temperatura de atividade de cada uso com base na temperatura dos registros. O tamanduá-mirim foi ativo com maior frequência entre 23h00 e 05h00 em temperaturas médias de 22.62°C. Os indivíduos entraram nas tocas para dormir entre 03h e 06h em temperaturas médias de 22.43 e saíram entre 18h e 00h em temperaturas médias de 21.31°C. O tempo de uso das tocas foi em média de 01m04 inspecionando, 18m16 se alimentando, 03h58 descansando e 16h28 dormindo e as temperaturas médias foram de 21.53, 21.43, 26.92 e 23°C, respectivamente. O tempo restante para as atividades desconsiderando o período que os indivíduos gastaram dormindo foi em média 07h31. Esses dados concordam com estudos anteriores que a espécie é predominantemente noturna e caracteriza pela primeira vez como a espécie utiliza as tocas do tatu-canastra. Os indivíduos utilizaram as tocas para descanso em temperaturas médias maiores que as registradas durante suas atividades e nos demais usos. É possível que o período de descanso nas tocas em temperaturas mais altas seja uma estratégia para favorecer a termorregulação, uma vez que o tamanduá-mirim é um homeotérmico imperfeito e pelas tocas oferecerem condições de temperatura constantes. Foi possível estimar através do uso das tocas do tatu-canastra o período de atividade diário do tamanduá-mirim e observar que provavelmente ele passa a maior parte do tempo inativo. Além disso, observamos um comportamento das mães em deixar os filhotes na toca para forragear o que sugere que as tocas também podem ser um local utilizado para proteção dos filhotes de tamanduá-mirim. Portanto, essas informações contribuem para o conhecimento dessa espécie e reforçam a importância dos engenheiros ecológicos, como o tatu-canastra, em favorecer a manutenção e o estudo de outras espécies.

Palavras-chave: engenheiro ecológico, tamanduá-mirim, Tamandua tetradactyla

Financiamento:

O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES) e do Instituto de Conservação de Animais Silvestres (ICAS).

Área

Ecologia

Autores

Mateus Yan Oliveira, Gabriel Fávero Massocato, Arnaud Léonard Jean Desbiez