11º Congresso Brasileiro de Mastozoologia e 11º Encontro Brasileiro para o Estudo de Quirópteros

Dados do Trabalho


Título:

INFLUENCIA DO ENRIQUECIMENTO AMBIENTAL NO COMPORTAMENTO DE LEOPARDUS PARDALIS (LINNAEUS, 1758) CATIVOS

Resumo:

Atualmente os animais sofrem extrema pressão em seus habitats naturais, podendo ser levados à extinção. Com o objetivo de reverter/diminuir esses processos, instituições como os zoológicos procuram desenvolver programas de reprodução de espécies em cativeiro e atividades de educação ambiental de modo a sensibilizar as pessoas quanto as questões ambientais. Entretanto, o ambiente cativo pode ocasionar problemas de estresse e mal-estar ao animal. O presente estudo teve como objetivo analisar a influência do enriquecimento ambiental (EA) na mudança dos comportamentos de dois indivíduos da espécie Leopardus pardalis em cativeiro, visando aumentar seu bem-estar físico e mental. Os indivíduos eram duas fêmeas, cativas há mais de 20 anos, Pitica e Dengosa, sendo que a última tem o membro anterior esquerdo amputado. As observações foram divididas em quatro etapas: habituação, pré-enriquecimento ambiental (pré-EA), enriquecimento ambiental (EA) e pós-enriquecimento ambiental (pós-EA), sendo cada uma delas com 20 horas de duração por animal. Na habituação foi utilizado o método ad libitum, e nela houve a construção do repertório comportamental dos animais observados. Nas três etapas subsequentes, o método escolhido foi o animal-focal, sendo que cada etapa teve duração de 20 horas para cada animal e foram divididas em sessões de uma hora, alternando entre um indivíduo e outro. O presente trabalho aplicou duas formas distintas de EA (com adaptações para cada animal), que foram o EA físico (e.g. arranhador, bola, caixa de papelão) e o EA alimentar (e.g. sorvete de sangue, carne crua, sachê de carne para felinos, escondidos ou espalhados no recinto). Com a análise dos dados foi possível notar que os animais apresentaram aumento significativo no tempo de realização de comportamentos exploratórios, em que a Pituca manifestou 28,6% do tempo na fase de Pré-EA explorando e aumentou para 42,6% na fase de EA. Dengosa demonstrou 34,9% do tempo de observação explorando na fase de Pré-EA e passou a manifestar esse comportamento em 40,2% do tempo na fase de EA. Ocorreu também o decréscimo expressivo nos comportamentos de repouso e estereotipias, como o pacing. Os comportamentos estereotipados diminuíram de 13,4% da fase de Pré-EA para 8,4% com a inserção do EA para a Pituca e de 11,2% para 6,4% na Dengosa. Houve também um crescimento na variabilidade do repertório comportamental das jaguatiricas, aparecendo seis novos atos comportamentais na fase de EA. De forma geral, os dados mostram que as jaguatiricas responderam positivamente aos elementos de EA alimentar e físico, havendo aumento de comportamentos naturais e despertando interações e um ambiente mais rico. A partir da análise geral dos resultados também foi possível constatar que as características individuais dos animais devem ser levadas em conta na inserção de EA, uma vez que cada indivíduo pode apresentar respostas comportamentais diferenciadas aos estímulos apresentados. Os estudos sobre EA neste grupo são importantes, devem ser estimulados e divulgados para a construção de técnicas de enriquecimento mais adequadas e eficientes à espécie e que possam ser aplicadas em zoológicos e outras instituições.

Financiamento:

Área

Etologia/Bem-estar animal

Autores

Isabelle Louise Aliganchuki, Lays Cherobim Parolin