Dados do Trabalho

Título:

INFECÇÃO POR TRIPANOSOMATÍDEOS EM MORCEGOS DA ESTAÇÃO BIOLÓGICA FIOCRUZ MATA ATLÂNTICA, RIO DE JANEIRO/RJ.

Resumo:

Morcegos compreendem um grupo diverso (> 1450 spp.) e amplamente distribuído pelo planeta, ocorrendo em diferentes ambientes, incluindo áreas preservadas ou altamente antropizadas e fragmentadas, como a Mata Atlântica do Rio de Janeiro. São hospedeiros de Trypanosoma spp., em especial do subgênero Schizotrypanum, e são reportados como hospedeiros ancestrais do clado Trypanosoma cruzi, pan infectivo, multihospedeiro incluindo humanos. Nosso objetivo foi diagnosticar a infecção por tripanosomatídeos através de diagnósticos parasitológicos em morcegos provenientes da Estação Biológica Fiocruz Mata Atlântica (EFMA). As capturas ocorreram entre 2013, 2014, 2016 a 2019 em áreas florestadas com vegetação em diferentes níveis de conservação, (P1 - peridomicílio, P2 - transição, P3 - floresta secundária inicial e P4 – floresta madura) utilizando-se 10 redes-de-neblina a cada noite de amostragem. Foi realizado exame a fresco de sangue e culturas de sangue e de fragmentos de pele, baço e fígado. O diagnóstico molecular diretamente em tecidos e a caracterização molecular das culturas positivas foram realizados através de análise por sequenciamento (método Sanger) dos produtos provenientes de reações positivas da Nested PCR pelo alvo 18S rDNA. A identificação taxonômica foi realizada por análise de similaridade com sequências depositadas no GenBank utilizando o algoritmo BLAST. A análise estatística foi realizada através do teste qui-quadrado. Foram capturados 271 indivíduos, dos quais 6/185 (3,24%) foram positivos no exame a fresco e 23/271 (8,49%) foram positivos no hemocultivo. Os parasitos isolados do sangue foram Trypanosoma dionisii (16), Crithidia mellificae (5) e Trypanosoma cruzi DTU TcI (2). Um indivíduo de Carollia perspicillata infectado por T. dionisii apresentou culturas positivas para o mesmo parasito em pele, baço e fígado. Até o momento, o diagnóstico molecular diretamente em tecidos foi realizado em 394 amostras. Destas, 16 (4,06%) foram positivas, sendo 7 de fígado: T. dionisii (4), Trypanosoma rangeli A (1), Trypanosoma sp. neobat 1 (1) e Trypanosoma sp. neobat 4 (1) e 9 em baço: T. dionisii (4), Trypanosoma sp. neobat 1 (2), Trypanosoma sp. neobat 4 (1), além de 2 amostras que não puderam ser caracterizadas em nível de espécie e foram identificadas como Trypanosomatidae. Trinta e oito indivíduos de morcegos estavam infectados: Artibeus lituratus (5), Carollia perspicillata (13), Desmodus rotundus (2), Dermanura cinerea (1), Micronycteris minuta (2), Mimon bennettii (2), Myotis izecksohni (1), Myotis nigricans (6), Myotis sp. (1), Platyrrhinus recifinus (1), Sturnira lilium (2) e Tonatia bidens (2). As infecções por tripanosomatídeos ocorreram em todas as áreas e as taxas de infecção não diferiram estatisticamente entre os hábitats com distintos níveis de influência antrópica: P1 - 8/75 (10,7%), P2 - 13/95 (13,7%), P3 - 7/42(16,7%) e P4 - 10/59 (17%). A detecção de T. dionisii em todos os anos de amostragem indica estabilidade da transmissão desse parasito. Estes resultados mostram que diferentes espécies de morcegos de diferentes guildas tróficas estão infectadas por uma ampla diversidade de espécies de tripanosomatídeos, ainda que a EFMA seja uma área relativamente pequena e com intensa pressão antropogênica.
Palavras Chave: antropização, infecção, diversidade, parasitas.

Financiamento:

Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro - FAPERJ.
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPES.
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq.
Fundação Oswaldo Cruz / Programa de Apoio Estratégico à Pesquisa em Saúde - FIOCRUZ/PAPES VI.

Área

Parasitologia/Epidemiologia