11º Congresso Brasileiro de Mastozoologia e 11º Encontro Brasileiro para o Estudo de Quirópteros

Dados do Trabalho


Título:

ESTIMATIVA DE PERDA DE HABITAT PARA AVALIAR O RISCO DE EXTINÇAO DE ESPECIES DE MAMIFEROS TERRESTRES: UMA ABORDAGEM OPEN DATA

Resumo:

A fragmentação e a perda de hábitat são duas das principais ameaças para a biodiversidade mundial. Os mamíferos terrestres são intensamente afetados pela destruição de seus hábitats, podendo levar à diminuição e isolamento de suas populações, e consequentemente, à extinção local. Avaliar a perda de hábitat pode ser uma alternativa viável como subsídio da redução populacional, importante para avaliação do risco de extinção proposto pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN). Essa estimativa depende de mapeamentos atuais e históricos do uso e cobertura do solo, o que costuma exigir também computadores com grande capacidade de armazenamento e de processamento. A plataforma Google Earth Engine (GEE) processa grandes bases de dados geoespaciais em nuvem e sem requerimentos de hardware muito específicos. Sendo assim, a plataforma possibilita o acesso a essas bases de dados pela internet, sem que o usuário tenha que fazer downloads, além de ter seu uso gratuito para pesquisas científicas. Assim, este trabalho buscou subsidiar a avaliação brasileira do risco de extinção de espécies (2016-2022), por meio de dados abertos e totalmente on-line. Dentro do GEE, foi desenvolvido um script objetivando calcular a perda de hábitat para 190 espécies de mamíferos terrestres brasileiros, das ordens: Carnivora, Certartiodactyla, Cingulata, Perissoldactyla, Pilosa e Primates. A base de dados do projeto MapBiomas 6.0, foi utilizada como fonte de dados históricos do uso e cobertura do solo (classificações anuais de 1985 a 2020, disponíveis na escala de 30m). Para cada espécie, foi definido o seu hábitat adequado, atribuindo a classificação do MapBiomas, de acordo com a sua área de distribuição e ecologia. A janela temporal foi considerada como sendo três vezes o tempo geracional, seguindo o método da IUCN. Essa análise permitiu estimar as mudanças na disponibilidade de hábitat no período analisado dentro da área de distribuição conhecida de cada espécie. Os resultados indicaram que houve perda de área na distribuição de 94,3% das espécies, sendo a ordem Carnivora a que acumulou maior perda, seguida da ordem Cingulata. Essas análises podem ser decisivas na aplicação dos critérios, definindo a categoria de pelo menos 17 espécies (9%), enriquecendo as discussões e evidenciando novas ameaças para muitas outras espécies. Conclui-se que o resultado da estimativa de perda de hábitat para os vários táxons ao aplicar o Critério A – referente a redução populacional - apoia inferências mais precisas sobre declínios populacionais passados para aplicação do método da IUCN. Por fim, o uso do script no GEE pode facilitar e otimizar as avaliações em oficinas de risco de extinção de espécies, podendo ser utilizado por qualquer pessoa.

Financiamento:

Área

Conservação

Autores

Mariella Butti, Luciana Pacca, Paloma Marques Santos, André Chein Alonso, Gerson Buss, Gabriela Ludwig, Leandro Jerusalinsky, Amely Branquinho Martins