Dados do Trabalho

Título:

COMO IMPACTOS ATUAIS E PROGNOSTICOS DE PERDAS FLORESTAIS NA AMAZONIA AFETAM A CONSERVAÇAO DOS PRIMATAS NO ARCO DO DESMATAMENTO?

Resumo:

Por habitar preferencialmente florestas primárias, os Primatas estão entre os grupos de mamíferos que mais sofrem com crescente processo de desmatamento do bioma Amazônia. Mico rondoni e Leontocebus weddelli são pequenos primatas endêmicos do sudoeste da Amazônia, da região conhecida como Arco do Desmatamento. Mico rondoni e L. weddelli têm distribuição simpátrica em algumas localidades, podendo formar grupos mistos. Estas espécies estão categorizadas globalmente como “vulnerável” e “pouco preocupante”, respectivamente, e incluídos no Plano de Ação Nacional para Conservação dos Primatas Amazônicos do Brasil. As duas espécies sofrem com o avanço do desmatamento e fragmentação de hábitat. No presente estudo, construímos modelos de distribuição geográfica para essas duas espécies de primatas, realizando uma análise comparativa entre suas extensões geográficas e verificamos sua vulnerabilidade à perda de habitat considerando os cenários atuais e futuros de desmatamento do bioma Amazônia. Foram obtidos pontos de ocorrência através de amostragens em campo e em bases de dados e artigos científicos. Os registros para cada espécie e dados bioclimáticos e topográficos associados a eles foram a base para construção de modelos “ensemble”, utilizando-se diferentes algoritmos. A avaliação dos modelos foi realizada através das métricas de AUC e TSS, e a sobreposição dos nichos foi analisada através do software ENMTools. Foram obtidos 28 registros para M. rondoni e 198 para L. weddelli. Os modelos de distribuição gerados foram considerados excelentes com AUC=0.996 e TSS=0.995 para M. rondoni e AUC=0.998 e TSS=0.992 para L. weddelli. As espécies apresentaram uma sobreposição de nicho de 92%, indicando alto grau de simpatria. As variáveis mais influentes os todos os modelos foram: Sazonalidade da radiação e a precipitação do trimestre mais frio. Além disso, projetando os modelos preditivos potenciais na paisagem atual e nos cenários de desmatamento para o ano 2050, nossos resultados indicam uma redução atual de 40% e futura de 90% de área para M. rondoni, e atual de 45% e futura de 80% para L. weddelli. Esses resultados preocupantes indicam mudanças das categorias de ameaça dessas espécies para níveis mais críticos. Baseado em duas espécies modelo, nossos resultados sugerem que muitas outras espécies de primatas com suas distribuições restrita e intimamente ligadas ao arco do desmatamento da Amazônia podem estar seriamente ameaçadas de extinção por conta da perda dos habitats.

Financiamento:

UCDavis, CNPq e CAPES

Área

Conservação