11º Congresso Brasileiro de Mastozoologia e 11º Encontro Brasileiro para o Estudo de Quirópteros

Dados do Trabalho


Título:

MOVIMENTAÇAO DE MARMOSOPS INCANUS (DIDELPHIMORPHIA, DIDELPHIDAE) EM UMA PAISAGEM FRAGMENTADA POR DUTOS DE PETROLEO.

Resumo:

A fragmentação e perda de habitat é a principal ameaça aos mamíferos atualmente e a construção de infraestruturas lineares como estradas, dutos e redes elétricas é uma das principais causas de fragmentação. No entanto, estudos sobre impacto dessas estruturas têm se restringido a avaliar o impacto de estradas e outras estruturas têm sido menosprezadas. É o caso dos dutos de transporte de óleo e gás, que geralmente são enterrados no subsolo, gerando um corredor desmatado, chamado de faixa de dutos. Estas estruturas podem impedir o movimento de espécies entre fragmentos florestais, agindo como uma barreira. Esse impacto é mais provável para espécies arborícolas que perdem seu principal substrato de locomoção e para espécies de pequeno porte pelo efeito de escala. No entanto, não existem trabalhos publicados sobre efeitos de faixas de dutos em pequenos mamíferos no Brasil. Nesse estudo, buscamos avaliar o efeito de uma faixa de dutos sobre a movimentação de um marsupial arborícola de pequeno porte, endêmico da Mata Atlântica, o Marmosops incanus. Para isso, comparamos a frequência de movimentos através da faixa de dutos com a frequência de movimentos dentro da floresta. Os movimentos foram inferidos a partir do histórico de capturas e recapturas de indivíduos marcados com brincos numerados. O delineamento foi composto de quatro transectos paralelos de armadilhas, cada um composto de 15 estações amostrais (1 armadilhas Sherman e 1 Tomahawk por estação, dispostas no solo e no sub-bosque): dois transectos localizados na borda da floresta, um de cada lado da faixa de dutos, e dois no interior da floresta paralelos a cada transecto de borda. Esse delineamento foi implementado em seis áreas, três na REBIO União e três na APA Bacia do Rio São João, Rio de Janeiro. Foram realizadas cinco campanhas trimestrais na APA e quatro na REBIO, entre outubro de 2018 e dezembro de 2019. Foram registradas 52 capturas de 34 indivíduos (18 recapturas). Nenhuma das recapturas ocorreu do lado oposto a faixa de dutos, dez recapturas foram no mesmo transecto de armadilhas (uma delas na mesma estação amostral) e seis em transectos distintos da primeira captura, mas do mesmo lado da floresta. Outras espécies de marsupiais de maior porte monitoradas no mesmo estudo foram recapturadas em lados opostos ao da primeira captura, indicando capacidade de cruzamento dos dutos. No caso de M. incanus, a faixa de dutos se mostrou uma forte barreira para a movimentação da espécie. Esse estudo reforça a importância da criação de medidas que minimizem o efeito barreira e permitam a movimentação da espécie na paisagem, como a instalação de pontes de dossel através dos dutos.
Palavras-chave: mamíferos, fragmentação de habitat, infraestruturas lineares, conservação

Financiamento:

Petrobrás e FAPERJ

Área

Ecologia

Autores

Maria Eduarda Raimundo dos Santos, Guilherme Machado Ribeiro Silva, Pablo Rodrigues Gonçalves, Leandro de Oliveira Drummond, Carlos Ramon Ruiz Miranda, Caryne Braga