Dados do Trabalho

Título:

RELAÇOES FILOGENETICAS EM SIGMODONTINAE (RODENTIA: CRICETIDAE) SEGUNDO DADOS COMBINADOS

Resumo:

Os roedores da subfamília Sigmodontinae são tradicionalmente agrupados em tribos, sendo reconhecidas 13 atualmente. O número de tribos tem crescido substancialmente nas duas últimas décadas, como resultado do amplo emprego de sequência de DNA em análises filogenéticas. Caracteres morfológicos, em contrapartida, foram empregados em um número menor de análises filogenéticas intratribais de Abrotrichini, Akodontini, Ichthyomyini, Oryzomyini, Phyllotini e Thomasomyini. Dessa forma, parte das tribos reconhecidas atualmente não apresentam sustentação morfológica no senso estrito (i.e. sinapomorfias) e são definidas apenas a partir de inferências filogenéticas moleculares. Essas tribos tem sido agrupadas em dois clados: Sigmodontalia e Oryzomyalia. O primeiro é composto pelas tribos Ichthyomyini e Sigmodontini e o último pelas demais 11 tribos e três gêneros incertae sedis. As relações dentro de Oryzomyalia são, de maneira geral, desconhecidas, já que sua resolução varia amplamente na literatura. Diante disso, o objetivo do presente trabalho é i) inferir o relacionamento filogenético dos roedores Sigmodontinae baseado em informação morfológica e molecular e ii) sugerir uma classificação para Sigmodontinae. Oitenta e nove caracteres morfológicos (externos, cranianos, dentários e pós-cranianos) e 8.824 pares de bases de 2 marcadores mitocondriais e 6 nucleares (MT-COI, MT-CYB, ADH1, BRCA1, FGB, GHR, IRBP, RAG1) foram empregados. Dentre os caracteres morfológicos, 10% são empregados pela primeira vez em uma análise filogenética, enquanto os demais foram examinados criticamente da literatura. Trinta e cinco roedores Sigmodontinae, representando 12 das 13 tribos reconhecidas, compõem o grupo interno, enquanto nove roedores das subfamílias Neotominae, Cricetinae e Arvicolinae compõem o grupo externo. Análises de parcimônia e inferência Bayesiana foram realizadas. O resultado corrobora o monofiletismo de Sigmodontinae, Sigmodontalia e Oryzomyalia, bem como de todas as tribos com mais de um gênero. Um clado contendo (Wiedomyini + Abrotrichini) + Phyllotini foi encontrado em todas análises, corroborando estudos anteriores. Euneomyini não apresenta nenhuma sinapomorfia morfológica, essas são encontradas apenas para o clado Euneomyini + Andinomyini. Em uma análise exclusivamente morfológica realizada, a tribo Andinomyini é encontrada dentro de Euneomyini. Nestas análises, Rhagomys é encontrado ora na base de Thomasomyini, ora dentre os demais roedores Thomasomyini e, portanto, pertencente a essa tribo. Esse resultado está alinhado a resultados anteriores, contrariando, porém, a proposta recente de que esse táxon constituiria uma tribo nova. Por fim, Delomys, um dos gêneros incertae sedis, é incluído em Wiedomyini na análise de parcimônia. Esse agrupamento, sustentado por sete sinapomorfias morfológicas, cuja maioria são características dentárias, se contrapõe àquele mais tradicional que sugere esse táxon como irmão da tribo Phyllotini. Dessa forma, a junção de Andinomyini e Euneomyini, além da manutenção de Rhagomys em Thomasomyini, reduziria o número total de tribos de 13 para 11. Esses resultados vão de encontro à proposta recente de que o número de linhagens dentre os Sigmodontinae é subestimado. Essas relações filogenéticas estão sendo alvo de maiores investigações. Novos esforços irão focar no entendimento das relações entre esses clados, com maior diversidade de infomações.

Morfologia, DNA, sinapomorfia, monofiletismo, tribos

Financiamento:

CAPES & PROEX

Área

Sistemática e Taxonomia