11º Congresso Brasileiro de Mastozoologia e 11º Encontro Brasileiro para o Estudo de Quirópteros

Dados do Trabalho


Título:

TERMODINAMICA DO THRICHOMYS LAURENTIUS EM UM FRAGMENTO DE CAATINGA, MOSSORO RN.

Resumo:

Os mamíferos têm sido capazes de se adaptar a uma grande diversidade de climas, mesmo assim, a exposição a extremos de baixas ou altas temperaturas é muito desgastante para o organismo, colocando-o em grande perigo de hipo ou hipertermia. O Thrichomys laurentius (Thomas, 1904), popularmente conhecido como punaré é um roedor, que habita vegetação aberta no Ceará a Bahia em biomas de Caatinga e Cerrado. No Brasil, existem poucos estudos envolvendo pequenos mamíferos do semiárido, especificamente no bioma Caatinga. Os objetivos deste trabalho foram caracterizar a temperatura corporal dessa espécie, e ver possíveis diferenças na temperatura de pares corporais, entre sexos e época do ano. O trabalho foi desenvolvido na Fazenda Experimental Rafael Fernandes da Universidade Federal Rural do Semiárido, situada no Município de Mossoró – Rio Grande do Norte entre os anos 2019 e 2020. No trabalho de campo foram utilizadas armadilhas de modelo Tomahawk e Sherman com isca. Os animais capturados foram colocados dentro de sacos de algodão para manipulação. Para a sexagem foram observados os marcadores morfológicos, para a medição da temperatura caudal dorsal/ventral, foi utilizado o termômetro infravermelho, para as coletas da temperatura retal, foi utilizado um termômetro clínico digital, e um termômetro higrométrico para os dados de temperatura ambiente. No total, 22 animais foram amostrados, dos quais 10 eram machos e 12 fêmeas, 5 para época seca e 17 para época chuva. Não foi possível aferir a temperatura de todas as variáveis para cada indivíduo. Os resultados indicaram uma correlação entre a temperatura retal e a caudal ventral (N=15, R=0,55, P=0,03) e entre as temperaturas da cauda ventral e dorsal (N=18, R=0,52, P=0,02). A temperatura na parte ventral da cauda (36,3ºC) foi mais alta do que a parte dorsal (35,7ºC) (P=0,02), não existiu diferença entre época do ano e temperatura retal (P>0,05) nem entre as médias para sexo na temperatura retal (P>0,05). Para interação entre sexo e época não houve diferenças entre temperatura retal (P>0,05). Houve uma relação entre a temperatura retal e a hora do dia (N=18 R=0,61, P=0,006). Para as análises de correlação e comparação de médias entre sexos e época foi priorizada a temperatura retal comumente usada como um bom indicador da condição do conforto ou estresse calórico. Essa, não esteve relacionada com a temperatura caudal dorsal, mas sim com a ventral. Isso pode ser explicado pela movimentação sanguínea no corpo já que em roedores é a veia dorsal responsável por levar o sangue de volta para o coração na parte dorsal da cauda; e na parte ventral, encontra-se a artéria ventral média responsável pelo transporte do sangue do coração para o corpo. O fato de não haver diferenças entre temperatura retal e época do ano, pode estar associado a falta de variação de temperatura na Caatinga ao longo do ano. Conclui-se que, apesar de preliminares, os dados deste estudo indicam que a temperatura ambiental afeta a temperatura interna do Thrichomys laurentius.

Palavras-chave: Pequeno mamífero; Temperatura corporal; Roedor; Termorregulação.

Financiamento:

Área

Ecologia

Autores

Arthur Lima, Sofia Cabral, Marco Katzenberger, Itainara Taili, Raul Santos, Renata Silva, Talita Oliveira, Cecilia Calabuig