11º Congresso Brasileiro de Mastozoologia e 11º Encontro Brasileiro para o Estudo de Quirópteros

Dados do Trabalho


Título:

A EXUBERANTE MASTOFAUNA DE DUAS AREAS PROTEGIDAS NA COSTA DO DESCOBRIMENTO

Resumo:

A Mata Atlântica do sul da Bahia, além de estar inserida no Patrimônio Histórico Natural da Humanidade da Costa do Descobrimento, abriga a maior parte dos grandes remanescentes florestais da porção nordeste do bioma. Essa região é considerada megabiodiversa, abrigando importantes unidades de conservação, que são responsáveis pela manutenção e proteção da biodiversidade que persiste desde a colonização do Brasil. Neste estudo, apresentamos os resultados do monitoramento de mastofuana de médio e grande porte (2018-2021) em duas unidades de conservação na Mata Atlântica do extremo sul da Bahia, a RPPN Estação Veracel (RPPNEV; 6.069 ha) e o Parque Nacional do Pau Brasil (PNPB; 19.027 ha). Empregamos o protocolo TEAM de armadilhamento fotográfico em quatro campanhas de amostragem, contemplando a maior parte dos gradientes de variação nas duas áreas, instalando de 63 a 83 armadilhas por campanha, que ficaram ativas de 60 a 80 dias, totalizando esforço amostral de 16.057 armadilhas/dia (RPPNEV=7.895; PNPB=8.056). Para análise dos dados, foram calculadas a abundância relativa, curvas de acumulação, e estimadores de riqueza (Jackknife 1, Bootstrap) em cada área. Por fim, realizamos uma comparação da riqueza total e da riqueza de espécies ameaçadas com outros remanescentes florestais do sul da Bahia (N=70) de diferentes tamanhos (2 a 24.300 ha). Registramos 31 espécies de mamíferos (RPPNEV=25; PNPB=31), pertencendo a nove ordens e 23 famílias. Nove destas espécies estão listadas como ameaçadas de extinção em nível estadual e nacional, e quatro mundialmente. As espécies mais abundantes na RPPNEV foram a cotia (Dasyprocta leporina), o tatu-galinha (Dasypus novemcinctus) e o veado (Mazama sp.), enquanto no PNPB foram o tatu-galinha, o caititu (Dicotyles tajacu) e o veado. As curvas de acumulação de espécies não atingiram a assíntota para ambas as áreas, mas apresentaram desaceleração na RPPNEV a partir do 100º dia. Os estimadores de riqueza Jackknife 1 e Bootstrap estimaram 25,9 ± 1,4 e 24,4 ± 1,0 espécies na RPPNEV, e 37,9 ± 2,9 e 32,4 ± 1,5 no PNPB, respectivamente. Compilando dados da literatura de estudos anteriores nas áreas, acrescentamos outras cinco espécies, totalizando 36 mamíferos (RPPNEV=28; PNPB=34), totalizando 13 ameaçadas na Bahia, 11 no Brasil, e 6 mundialmente. Comparando a riqueza total das áreas estudadas com outros remanescentes florestais da região, observamos que a RPPNEV está entre as cinco áreas mais ricas, e o PNPB é a primeira. Quanto ao número de espécies ameaçadas, ambas estão entre as cinco áreas mais ricas da região. Por estarem entre os maiores remanescentes da Mata Atlântica do sul da Bahia, e serem áreas protegidas, destacamos o papel imprescindível desses remanescentes para a conservação da mastofauna, por exemplo, sendo dois dos três remanescentes que ainda abrigam a anta (Tapirus terrestris). Ressaltamos a importância do fortalecimento da rede de áreas protegidas do sul da Bahia, visando sua reconexão através dos pequenos remanescentes florestais, que tem um papel essencial para a conservação da biodiversidade regional em longo prazo.
Palavras-chave: Mata Atlântica, Unidades de conservação, Mamíferos, Espécies ameaçadas

Financiamento:

Veracel Celulose S.A.

Área

Inventário de espécies

Autores

Marcelo Magioli, Virgínia Londe de Camargos, Ronaldo Gonçalves Morato