11º Congresso Brasileiro de Mastozoologia e 11º Encontro Brasileiro para o Estudo de Quirópteros

Dados do Trabalho


Título:

ASSOCIAÇAO DE FORRAGEIO ENTRE QUATIS (NASUA NASUA, LINNAEUS,1766) E UMA ESPECIE DE AVE EM UM REMANESCENTE DE MATA ATLANTICA (SERRA DO JAPI), NO ESTADO DE SAO PAULO.

Resumo:

Quatis (Nasua nasua) são animais gregários, podendo viver em grupos de mais de 30 indivíduos, este número varia em decorrência da disponibilidade de recursos. Machos adultos são solitários e fêmeas vivem em grupos (sistema matriarcal), juntamente com a prole e machos juvenis até dois anos de idade, havendo flexibilidade neste tempo de permanência dos machos juvenis no grupo. Apresentam dieta onívora, consumindo muitas espécies de frutos, mas incluindo invertebrados, principalmente insetos, milípedes e aranhas, além de gastrópodes. O acompanhamento de grupos de forrageio na serapilheira por aves é citado para vários animais, incluindo formigas-de-correição. A papa-taoca-do-sul (Pyriglena leucoptera, Thamnophilidae), ave insetívora endêmica da mata Atlântica, já foi registrada seguindo formigas-de-correição, mas não quatis como no Japi. Este trabalho foi realizado de abril/2016 a abril/2017, utilizando busca ativa e armadilhas fotográficas. Na busca ativa foram 78 dias de amostragem e 26 encontros com quatis (nove com indivíduos solitários e 17 com grupos), totalizando sete horas e 27 minutos de observação. As armadilhas fotográficas foram instaladas com base nos vestígios deixados pelos quatis (buracos deixados no solo durante o forrageio), que auxiliaram na identificação das áreas mais utilizadas por eles. Nas armadilhas fotográficas (n=13), registrou-se 204 vídeos com quatis (n=3771 vídeos). Por meio dos registros obtidos através de vídeos das armadilhas fotográficas, foi possível identificar uma espécie de ave acompanhando o grupo de quatis durante o forrageio, a Pyriglena leucoptera, conhecida como papa taoca do sul. É possível observá-la em dois vídeos, claramente aproveitando-se de presas que voavam da serapilheira, durante o forrageio dos quatis. A ave mostrou-se oportunista, empoleirando-se e esperando para atacar. Os quatis não reagiram à sua presença, voando de galho em galho próxima a eles, esperando a presa. Nos vídeos viu-se a Pyriglena alimentando-se de algum inseto, mas não foi possível identificá-lo. Os registros por vídeo permitiram a observação sem interrupção das atividades dos quatis e da Pyriglena leucoptera, o que talvez não pudesse ser observado durante a busca ativa. Diferentemente do Japi, onde observou-se apenas uma espécie de ave em associação com grupos de quatis, no Parque Estadual Carlos Botelho/SP, Beisiegel (2007) registrou quatro espécies: Leucopternis polionota, Dendrocincla fuliginosa, Habia rubica e Trogon rufus, todas na estação seca. No Japi a associação também ocorreu na estação seca, mas no solo, pois as armadilhas fotográficas estavam instaladas próximas ao chão. Isso pode representar uma estratégia para lidar com a escassez de recursos durante a estação seca, dispendendo menos energia na busca de presas.

Palavras-chave: Nasua nasua, Pyriglena leucoptera, formigas-de-correição, florestas mesófilas semidecíduas, florestas semidecíduas de altitude.

Financiamento:

CAPES

Área

Conservação

Autores

Marcos Almir Polettini, Eleonore Zulnara Freire Setz