11º Congresso Brasileiro de Mastozoologia e 11º Encontro Brasileiro para o Estudo de Quirópteros

Dados do Trabalho


Título:

DIVERSIDADE DE HELMINTOS DE PEQUENOS MAMIFEROS EM TRES AMBIENTES ADJACENTES DA MATA ATLANTICA

Resumo:

Parasitos são organismos importantes na manutenção dos ecossistemas, pois afetam a aptidão de seus hospedeiros, mediam a competição e predação auxiliando na regulação e estruturação da população hospedeira. Muitas espécies de pequenos mamíferos são conhecidas por atuarem como reservatórios naturais de parasitas, especialmente os com potencial zoonótico. Estudos sobre a diversidade de comunidades parasitárias são importantes para o conhecimento da biodiversidade e ajudam a compreender mecanismos associados à ocorrência e distribuição dos parasitas em seus hospedeiros em diferentes escalas espaciais e temporais. Nesse contexto, o objetivo do estudo foi determinar a diversidade de helmintos de pequenos mamíferos em três ambientes adjacentes. Testamos a hipótese de que a riqueza de helmintos será influenciada pelo ambiente em que o hospedeiro foi coletado. O estudo foi desenvolvido no município de Serro (18º36'18"S, 43º22'44"W), Minas Gerais, Brasil. As capturas de pequenos mamíferos foram realizadas em três fazendas, em que três tipos de ambientes foram amostrados (i.e fragmento de mata nativa; pasto e área peridomiciliar). Realizamos quatro campanhas de amostragem, de fevereiro a agosto de 2021. Para captura dos pequenos mamíferos, estabelecemos um transecto com 15 estações de captura, em cada ambiente das fazendas selecionadas, contendo duas armadilhas em cada (Sherman e Tomahawk). Os hospedeiros capturados eram eutanasiados para a recuperação de helmintos. A riqueza de espécies de helmintos em relação ao ambiente em que o hospedeiro foi coletado, foi testada, utilizando uma ANOVA one-way com ajuste de modelo utilizando GLS. Construímos uma rede bipartida de interações entre helmintos e seus hospedeiros, para demonstrar a interação entre ambos. Agrupamos as espécies de hospedeiros e helmintos registradas por ambiente, em um Diagrama de Venn. Todas as análises foram realizadas no Programa RStudio, utilizando os pacotes “nlme” e "bipartiteD3". Registramos 18 espécies de pequenos mamíferos. Didelphis aurita e Oligoryzomys cf. nigripes foram as espécies mais frequentes na amostragem. Analisamos 115 espécimes de hospedeiros, dos quais, 40 estavam infectados por uma ou mais espécies de helmintos. Identificamos 15 espécies de helmintos e a riqueza variou de acordo com o local de coleta dos hospedeiros (F(2,6) =56,52, p<0,001), sendo o peridomicílio o ambiente que apresentou a maior riqueza de espécies. O hospedeiro com maior riqueza de helmintos foi Didelphis aurita (5 espécies) encontrado no peridomicílio. A rede de interação indicou que existem diversas espécies de helmintos compartilhadas entre os hospedeiros. Das 15 espécies de helmintos identificadas, 7 foram compartilhadas por mais de um hospedeiro. Nossos resultados indicam que o ambiente pode ser um preditor para a riqueza de helmintos, sendo que o ambiente com maior abundância de hospedeiros apresentou maior riqueza de parasitas e um maior compartilhamento de helmintos entre hospedeiros. Esse resultado pode estar relacionado ao movimento dos hospedeiros, permitindo uma certa homogeneização na composição de parasitas em escala local. Considerando a riqueza total, nossa diversidade de helmintos foi alta, sendo um bom indicativo que os ambientes estudados possuem baixo grau de antropização. Dessa forma, a diversidade de helmintos pode ser um indicador alternativo para avaliar os efeitos das mudanças de habitats ocasionadas por atividades antrópicas.

Financiamento:

CAPES (88887.480433/2020-00) e Centers for disease control and prevention - CDC

Área

Ecologia

Autores

Jéssica Mascarello Graciano, Lara Ribeiro de Almeida, Arthur Soares Fernandes, Adriano Pereira Paglia