11º Congresso Brasileiro de Mastozoologia e 11º Encontro Brasileiro para o Estudo de Quirópteros

Dados do Trabalho


Título:

PRIMEIRO REGISTRO DE PEROPTERYX LEUCOPTERA (CHIROPTERA, MAMMALIA) PARA O BIOMA DA CAATINGA E PARA O ESTADO DA BAHIA, NORDESTE DO BRASIL

Resumo:

Peropteryx leucoptera é uma das cinco espécies reconhecidas atualmente para o gênero Peropteryx, se diferenciando de suas congêneres por seu rostro amplo, orelhas conectadas no topo da cabeça, grandes fossas pterigóides separadas por uma extensão mesopterigóide e asas despigmentadas, com região do cotovelo marrom e pontas das asas transparentes com dígitos marrons. Assim como as outras espécies do gênero, P. leucoptera é endêmica da região neotropical e sua distribuição abrange boa parte da Amazônia, com registros adicionais na Mata Atlântica do nordeste brasileiro. Nesse trabalho apresentamos o primeiro registro de Peropteryx leucoptera para o bioma da Caatinga e para o estado da Bahia. Foram analisados exemplares depositados na Coleção de Mamíferos do CCT-UFMG (UFMG 4716), da Coleção de Mamíferos “Alexandre Rodrigues Ferreira”, da Universidade Estadual de Santa Cruz (CMARF 000320 e CMARF 000321) e do Museu de Zoologia da USP (MZUSP 11613, MZUSP 11614 e MZUSP 11615). O exemplar UFMG 4716 é uma fêmea adulta coletada no Parque Estadual da Furna Feia, Mossoró, Rio Grande do Norte (-5.04 S, -37.56 W) cujas medidas são HB= 47,05 mm, TL=11,19 mm, HF=7,83 mm, CL=14,81 mm, EAR=14,95 mm, FA=45,25 mm, GLS=15,36 mm. Ambos os exemplares depositados na UESC eram fêmeas coletadas em Vila de Patamuté, município de Curaçá, Bahia (39°28’13.695” S, 9°24’19.489” O). O exemplar CMARF 000320 possuía HB=48,95 mm, TL=14,29 mm, HF=6,22 mm, EAR=14,82 mm, FA=48,07 mm e GLS= 15,78mm. Já o CMARF 000321, apresentava HB=47,70 mm, TL=14,70 mm, HF=6,28 mm, EAR=13,69 mm, FA=46,23 mm e GLS= 16,12mm. Os três exemplares depositados no Museu de Zoologia da USP foram coletados em Río Branco, Fazenda Bela Vista, município de Ilhéus, Bahia (14°47’18.353” S, 39°2’54.682” O) e consistiam em duas fêmeas (MZUSP 11613 e MZUSP 11615) que possuíam, respectivamente, HB=50,71 e 47,24 mm, TL=14,73 e 10,13 mm, HF=7,60 e 7,76 mm, EAR=18,15 e 16,14 mm, TR=4,91e 4,65 mm, FA= 44,72 e 44,71 mm e GLS= ND, e um macho (MZUSP 11614) que apresentava HB=46,91 mm, TL= 10,44 mm, HF=6,44 mm, EAR=17,48 mm, FA=42,08 mm e GLS= 16,12mm. As características dos seis exemplares concordam com o diagnóstico de Peropteryx leucoptera no padrão de coloração e morfologia e as medidas estão dentro do limite morfométrico conhecido para a espécie. Com base nos exemplares do Parque Estadual da Furna Feia (UFMG 4716) e da Vila de Patamuté (CMARF 000320 e CMARF 000321) confirmamos os primeiros registros de P. leucoptera para o bioma da Caatinga, sendo que os exemplares da Vila de Patamuté, juntamente com os exemplares de Ilhéus (MZUSP 11613, MZUSP 11614 e MZUSP 11615), correspondem também ao primeiro registro de P. leucoptera para o estado da Bahia. Os registros de Ilhéus atualizam o limite sul da distribuição conhecida da espécie (Mata do Junco, Capela, Sergipe, -10.53 S, -37.05 W) em 500km. Este trabalho contribui para preencher as lacunas existentes acerca da distribuição geográfica dos emballonurídeos do Brasil e assim sanar parte do déficit Wallaceano associado a esse grupo de morcegos ainda pouco conhecido.

Palavras-chave: Diclidurini, Coleção Zoológica, distribuição

Financiamento:

CNPq, FAPEMIG, IABS-VALE

Área

Sistemática e Taxonomia

Autores

Cynthia Salzgeber, Fred Victor de Oliveira, Fernando Araújo Perini, Maria Clara do Nascimento