Dados do Trabalho

Título:

RELAÇAO ENTRE ESTILOS DE ENFRENTAMENTO E RESPOSTAS COMPORTAMENTAIS A INFEÇAO INDUZIDA EM AKODON MONTENSIS.

Resumo:

A resposta de fase aguda (RFA) é um conjunto de alterações comportamentais e fisiológicas que ocorrem após infecção patogênica. Dentre as alterações comportamentais destaca-se redução nos padrões gerais de atividade, que seria vantajosa para minimizar os custos energéticos da ativação da RFA. Todavia a magnitude desta redução é variável, e uma das razões para esta variabilidade seria a associação entre estilos de enfrentamento e vigor da RFA. Comportamentos reativos e proativos são dois perfis que caracterizam estilos de enfretamento. Indivíduos reativos (IR) são tímidos, exploram o ambiente de forma minuciosa, são menos propensos a exposição a patógenos e gastam menos energia na manutenção da homeostase; características opostas definem indivíduos proativos (IP). Assim, espera-se que a redução nos padrões de atividades observadas após uma infeção tenha maior magnitude para IP. Neste estudo esta hipótese foi testada usando o roedor Akodon montensis como espécie modelo. Indivíduos desta espécie (n = 9) foram coletados no município de Rio Claro (SP) e posteriormente mantidos individualmente em uma câmara climática a 26ºC. Após 3 dias de aclimatação, estes indivíduos tiveram seus comportamentos quantificados em 4 ocasiões, em intervalos de 1 semana, através do teste de arena com buracos. Este teste consistia em colocar os indivíduos na antessala da arena por 3 minutos. Após este período, o acesso era liberado, e um tempo de latência (TL) de 10 minutos foi observado para que os indivíduos entrassem na arena. Caso este tempo fosse excedido, o experimento era interrompido. Do contrário, o comportamento dos indivíduos era filmado por 5 minutos. Especificamente foram analisados, o tempo de atividade, o número de quadrantes percorridos, o número de vezes que cada buraco era inspecionado e o número de vezes que a postura bípede era acionada. Os dois primeiros experimentos foram conduzidos com o objetivo de categorizar os indivíduos dentro do eixo proativo/reativo. O terceiro e quarto experimentos quantificaram estes comportamentos após os indivíduos serem injetados, respectivamente, com 0,3 ml de solução tampão fosfato (STF) e 0,5mg/kg de lipopolisacarideo (LPS) diluído em 0,3 ml de STF. LPS é um antígeno largamente utilizado em estudos de imunologia, sendo muito eficaz para indução dos componentes da RFA. Análises de componentes principais e de variância com medidas repetidas foram usadas para categorizar os comportamentos e para verificar os efeitos do LPS sobre os padrões gerais de atividade. O tratamento com STF não alterou nenhum dos padrões comportamentais de IP e IR. A infeção induzida por LPS, conforme esperado, reduziu o tempo total de atividade de todos os indivíduos, sendo que a magnitude desta redução foi maior em IP. Entretanto, os demais comportamentos relacionados a capacidade de exploração não foram afetados. A redução na atividade (locomoção) sem perda da capacidade exploratória, sugere que as características dos diferentes estilos de enfretamento respondem de forma a infecção induzida. Características associada a locomoção seriam mais plásticas e responderiam de forma imediata a infecção, ao passo que as características cognitivas associadas ao comportamento de exploração seriam menos maleáveis e provavelmente demorariam mais tempo para serem modificadas após a infecção.

Financiamento:

Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), processo número 2014/16320-7. Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC). Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES).

Área

Fisiologia