Dados do Trabalho

Título:

VARIAÇAO MORFOLOGICA E MORFOMETRICA EM THYLAMYS (DIDELPHIMORPHIA: DIDELPHIDAE) DO NORDESTE DO BRASIL

Resumo:

Novos esforços de coleta e revisões taxonômicas cada vez mais integrativas têm resultado em um número crescente de espécies de mamíferos. Como parte deste esforço, a revisão de grupos crípticos ou menos estudados é um passo crucial na identificação de táxons que carecem de descrições mais detalhadas. Thylamys karimii é uma espécie de marsupial didelfídeo que ocorre no Cerrado e na Caatinga, sendo a única do gênero presente na região Nordeste. A partir da identificação de dois morfotipos de coloração dorsal distinta (um cinza e um marrom) coletados no Parque Nacional (PARNA) do Catimbau, nosso objetivo neste estudo foi descrever a diversidade morfológica local da espécie, para defini-la como intra ou interespecífica. Analisamos caracteres qualitativos e quantitativos em peles e crânios de espécimes do PARNA Catimbau (n=7) e de outras localidades do Nordeste (n=26). Os dados morfométricos dos adultos (classes etárias 6 e 7) foram obtidos das etiquetas de pele e com um paquímetro digital e comparados por teste t de Student. Encontramos pelo menos três morfotipos de coloração dorsal: marrom acastanhado (n=11), marrom acinzentado (n=13) e cinza (n=9); todos apresentam tons mais claros ou mais escuros por indivíduo. O ventre varia de amarelado a branco nos espécimes marrons e de bege claro a branco nos espécimes cinza. A coloração não parece influenciada por sexo ou classe etária, mas a região central da Caatinga concentra espécimes marrom acinzentados e cinzas, sendo o Catimbau a única localidade com os três morfotipos. Tons dorsais mais escuros predominam no centro-leste do bioma e no ecótone Caatinga-Mata Atlântica. No entanto, são necessárias amostras mais representativas por localidade. Identificamos uma concavidade rasa entre os coxins palmares e ossos nasais curtos frequentes; os demais caracteres morfológicos seguem descrições previamente publicadas para a espécie. Diferentes tonalidades e tamanhos das bandas dos pelos podem influenciar a coloração dorsal, assim como fatores ambientais, genéticos, filogenéticos e ecológicos (e.g. clima e vegetação predominantes; proporção eumelanina/feomelanina; coloração em linhagens ancestrais; crípse e interação com predadores, respectivamente). Concluímos que a variação da coloração em T. karimii no PARNA Catimbau é intraespecífica, dada a diagnose dos demais caracteres, e que estudos multidisciplinares podem melhor descrevê-la e definir seus fatores de influência na Caatinga.

Palavras-chave: marsupiais; morfotipos; coloração da pelagem; variação intraespecífica; Caatinga.

Financiamento:

Área

Sistemática e Taxonomia