11º Congresso Brasileiro de Mastozoologia e 11º Encontro Brasileiro para o Estudo de Quirópteros

Dados do Trabalho


Título:

REVISAO GLOBAL E DIRETRIZES PARA MINIMIZAR A PREDAÇAO OPORTUNISTA SOBRE AVES E MORCEGOS PRESOS EM REDES DE NEBLINA

Resumo:

O uso de rede de neblina é o principal método utilizado na amostragem de aves e morcegos, pois possui um baixo custo, é de fácil manuseio, apresenta elevada eficiência de captura e é relativamente seguro para o animal capturado quando algumas diretrizes são seguidas. O uso de diretrizes no momento do uso das redes é importante, pois animais emaranhados tornam-se presas fáceis para predadores oportunistas. Nosso objetivo foi realizar uma revisão global de estudos que reportaram predação oportunista, avaliando: altura na rede onde ocorreu a predação, intervalo entre as vistorias, e se o estudo considerou ou não diretrizes para a manipulação das redes e dos animais capturados. Nós encontramos 34 estudos que reportaram 179 registros de predação oportunista (86 para aves e 93 para morcegos) entre os anos de 1971 e 2021 e em nove países: Austrália, Brasil, Colômbia, Costa Rica, Estados Unidos, Honduras, México, Portugal e Quênia. Nenhum estudo reportou o uso de diretrizes para amostragem de morcegos. No total, os estudos reportaram 68 espécies de presas e 39 de predadores. Os principais predadores de aves foram primatas: Cercopithecus mitis (n = 16), Plecturocebus toppini (n = 4), Callithrix jacchus (n = 2). Também foram registrados como predadores de aves, Leopardus wiedii (n = 6) e Odocoileus virginianus (n = 3). A ave que apresentou maior quantidade de registros como predador de aves foi Dacelo novaeguineae (n = 10), seguida por Accipiter tachiro, Falco sparverius, Geococcyx californianus, Leucopternis albicollis e Rupornis magnirostris (n = 2 cada uma). Três espécies de invertebrados também foram reportadas como predadores: Eciton burchellii (n = 2), Dorylus sp. (n = 1) e Theraphosa blondi (n = 1). Os principais predadores oportunistas de morcegos foram mamíferos: Leopardus wiedii (n = 8), Felis catus (n = 7), Philander frenatus (n = 7), Didelphis albiventris (n = 5), Didelphis aurita (n = 5), Phyllostomus hastatus (n = 5) e Chrotopterus auritus (n = 4). Morcegos também foram predados por espécies de aves (Pulsatrix perspicillata, n = 11; Lophostrix cristata, n = 2 e; Megascops watsonii, n = 1), por anfíbios (e.g., Leptodactylus labyrinthicus) e répteis (Corallus hortulannus). Registros de predação foram reportados para a primeira, segunda e terceira bolsas das redes de neblina. De acordo com a descrição dos autores, em 46 registros as redes de neblina estavam posicionadas ao nível do solo e, em apenas cinco, as redes de neblina estavam posicionadas 50 cm acima do solo. Em relação ao intervalo entre rondas, foram encontrados registros de intervalo de duas horas (n=1), uma hora (n=47), 30 minutos (n=30), 20 minutos (n=36) e 15 minutos (n=8). A partir desses resultados, recomendamos: fixar as redes acima do nível do solo a pelo menos 50 cm, diminuir o intervalo de tempo entre as rondas para 20 a 30 minutos e remover a vegetação que esteja em contato com a rede de neblina. Seguindo essas recomendações, acreditamos que a incidência de predação de aves e morcegos em redes-de-neblina possa diminuir, tornando esse método mais seguro para as espécies estudadas.

Financiamento:

Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES)

Área

Conservação

Autores

Guilherme Wince Moura, Karen Mustin, Fernando Pinto, Sylvia Coelho Alves Sineiro, Bruna da Silva Xavier, Carlos Eduardo Lustosa Esbérard, Alexeia Barufatti, William Douglas Carvalho