11º Congresso Brasileiro de Mastozoologia e 11º Encontro Brasileiro para o Estudo de Quirópteros

Dados do Trabalho


Título:

LISTA VERMELHA DOS MAMIFEROS CONTINENTAIS AMEAÇADOS DO CEARA

Resumo:

O Brasil abriga uma das maiores diversidades de mamíferos do planeta, a despeito das graves ameaças associadas a esse grupo, tais como caça, perda e degradação de habitat, mudanças climáticas, atropelamento, depleção de presas, poluição, entre outras. Tais ameaças, em sua maioria, são de aspecto local. Entretanto, os dois principais instrumentos que categorizam o status de conservação de espécies silvestres ocorrem em esferas mais abrangentes: a lista vermelha nacional gerida pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e a global promovida pela International Union for Conservation of Nature (IUCN). Partindo desse princípio, ambas as esferas encorajam a publicação de listas regionais que possam aferir a avaliação para territórios de menor abrangência, como estados e municípios. Seguindo essa premissa, a Secretaria do Meio Ambiente do Ceará iniciou as avaliações para o Livro Vermelho da Fauna Cearense Ameaçada de Extinção, vinculado ao Programa Cientista-Chefe, financiado pela Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico. O objetivo deste trabalho é apresentar o status de conservação das espécies de mamíferos continentais do Ceará. Utilizando o roteiro metodológico do ICMBio/IUCN, dados biológicos, ecológicos e de ameaças associadas foram analisados para categorizar cada espécie em RE (Regionalmente Extinta); CR-PEX (Provavelmente Extinta); CR (Criticamente Ameaçada); EN (Em Perigo); VU (Vulnerável); NT (Quase Ameaçada); LC (Menos Preocupante); DD (Dados Insuficientes); e NA (Não Aplicável). As análises foram baseadas em critérios de: redução populacional (A); distribuição geográfica restrita (B); população pequena (C); população muito pequena ou muito restrita (D); e análise quantitativa de risco de extinção (E). Foram realizadas seis rodadas de avaliação envolvendo 30 profissionais e 18 instituições. Das 128 espécies avaliadas, duas foram classificadas como RE: Tapirus terrestris e Priodontes maximus foram extintas do Ceará no início do século XX. Quatro constam como CR-PEX (Panthera onca, Myrmecophaga tridactyla, Bradypus variegatus e Tayassu pecari) e necessitam de investigações para confirmar ou não a extinção. Outras quatro foram categorizadas como CR (Tolypeutes tricinctus, Nasua nasua, Guerlinguetus brasiliensis e Chiroderma vizzotoi), além de 12 classificadas como EN e oito como VU. Esses resultados apontam que, além das extinções locais, 21,8% dos mamíferos continentais do Ceará estão ameaçados de extinção. Ademais, 17,1% constam como DD, o que significa que podem estar em risco, mas não há informação satisfatória para uma categorização precisa. Dentre as espécies ameaçadas, 53,5% foram categorizadas pelo critério A; 32,1% pelo B; 10,7% pelo C; e 14,2% pelo D. As principais ameaças associadas são a perda, fragmentação e degradação de habitat, que afetam sobretudo as espécies voadoras e não-voadoras de pequeno porte, além da defaunação direta (ex. caça e atropelamento), que impactam principalmente os médios e grandes mamíferos. A publicação da lista vermelha estadual representa um grande avanço no âmbito de políticas públicas para a preservação da mastofauna do Nordeste. A partir disso, é possível direcionar esforços para localizar espécies-foco e lacunas amostrais, além de identificar áreas prioritárias de conservação, aproveitando recursos humanos e financeiros de forma mais otimizada.

Palavras-chave: Conservação, Espécies ameaçadas; Extinção; Livro Vermelho; Políticas públicas.

Financiamento:

Área

Conservação

Autores

Thiago Sales Lobo Guerra, Nadia Santos-Cavalcante, Luiz Carlos Firmino, Ana Clarissa Nobre, Igor Freitas Gutierrez, Mateus Duarte Gabriel, Hugo Ferreira Fernandes