11º Congresso Brasileiro de Mastozoologia e 11º Encontro Brasileiro para o Estudo de Quirópteros

Dados do Trabalho


Título:

ESTRUTURAÇAO GEOGRAFICA DE NECROMYS LASIURUS (LUND, 1841) (CRICETIDAE: SIGMODONTINAE) EM AREAS ABERTAS DE MATA ATLANTICA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO.

Resumo:

O processo de fragmentação e substituição da Mata Atlântica por áreas abertas tem possibilitado a dispersão de espécies típicas de Cerrado para o Estado do Rio de Janeiro (RJ). Estudos anteriores reportaram novas ocorrências do roedor sigmodontíneo Necromys lasiurus (típico do Cerrado), no RJ, e estimaram sua distribuição potencial no Estado. Entretanto, não se sabe quando ou como esta espécie ocupou estas áreas, e se há estruturação filogeográfica das populações fluminenses em relação às demais ocupando outros biomas. Necromys lasiurus possui importância epidemiológica, principalmente, como reservatório do genótipo viral Araraquara (ARAV), causador da Síndrome Pulmonar por Hantavírus (SPH) em áreas de Cerrado. Portanto, o conhecimento dos parâmetros genéticos, ecológicos e ambientais, condicionantes da ocorrência, abundância e distribuição de N. lasiurus na Mata Atlântica possui importância na compreensão da história demográfica desta espécie e seu potencial como reservatório de ARAV neste bioma. O objetivo principal deste estudo foi avaliar a ocorrência e os processos de ocupação de áreas abertas de Mata Atlântica do RJ pelo N. lasiurus. Estudos filogenéticos e filogeográficos (Fst, amova, teste Fu’s Fs, Tajima’s D, Mismatch Distribution e Teste de Mantel) desta espécie foram realizados a partir de sequências do gene mitocondrial citocromo b obtidas a partir de 30 amostras provenientes de áreas abertas da Mata Atlântica do RJ. Os espécimes-testemunho encontram-se no LABPMR/IOC/FIOCRUZ (n=22), e na coleção do NUPEM/UFRJ (n=8). Os dados foram complementados com sequências disponíveis no Genbank das regiões Norte (n=10), Nordeste (n=8), Centro-Oeste (n=21), Sul (n=2) e Sudeste (n=4) do Brasil, e sequências da Argentina (n=17) e Paraguai (n=13). Os resultados preliminares corroboram a existência de 5 clados da espécie já reportados anteriormente na literatura. As amostras do RJ estão inseridas no clado contendo espécimes da Argentina e Paraguai, do Sul e Sudeste do Brasil. A análise de FST e Amova indicaram que as amostras da Mata Atlântica do Estado do Rio de Janeiro (grupo RJ) possuem um elevado distanciamento e isolamento genético de outros grupos amostrais, sugerindo que a conexão com o Cerrado pode ter se perdido em algum momento na história evolutiva da espécie. Foi observado nos testes de Tajima's D e Fu's Fs uma tendência a expansão geográfica da espécie. A divergência genética entre o grupo RJ e os demais grupos amostrais não parecem estar relacionados com o distanciamento geográfico, como demonstrado pela curva negativa no teste de Mantel. Sendo assim, é possível que outros fatores ambientais atuem como barreiras nessa separação, desfavorecendo a presença de ambientes adequados que conecte as populações de N. lasiurus. Sugere-se ainda que a ausência de conexão entre estas populações pode estar impactando negativamente na prevalência de ARAV nas populações de N. lasiurus do grupo RJ, pois até o momento não foi reportado nenhum espécime sororreativo para este genótipo viral no RJ. Entretanto é importante a manutenção da vigilância epidemiológica da SPH no RJ, uma vez que ARAV pode estar estabelecido nas populações de N. lasiurus grupo RJ, mas ainda não reportado na região. Palavras chaves: Expansão Geográfica, Filogeografia, Fragmentação de Habitat, Hantavírus, Pequenos Mamíferos.

Financiamento:

Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPES; Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro - FAPERJ; Fundação Oswaldo Cruz / Programa de Apoio Estratégico à Pesquisa em Saúde - FIOCRUZ/PAPES VI.

Área

Genética

Autores

Fernando Oliveira Santos, Pablo Rodrigues Gonçalves, Bernardo Rodrigues Teixeira, Jânio Cordeiro Moreira, Paulo Sérgio D'andrea