Dados do Trabalho

Título:

EFEITOS DO FOGO NO ATROPELAMENTO DE MAMIFEROS

Resumo:

O fogo é um distúrbio natural comum e um importante componente dos sistemas ecológicos, a resposta dos organismos ao fogo é complexa devido a interação de vários fatores, que podem gerar respostas de curto, médio e longo prazo. Uma compreensão adequada dos efeitos do fogo sobre os ecossistemas é essencial para a conservação dos mesmos. Dentre os aspectos ainda não conhecidos dos efeitos do fogo, está a relação com o atropelamento da fauna. Existe a suspeita de que queimadas próximas às rodovias aumentam a quantidade de animais atropelados. Isso porque o fogo obrigaria a movimentação dos animais na paisagem e aumentaria a probabilidade de estes cruzarem uma rodovia. No entanto, não existem estudos com mamíferos e nem existem estudos delineados para avaliar a relação dos atropelamentos de fauna com o fogo. No presente estudo averiguamos a existência de relação entre atropelamentos de mamíferos na rodovia BR 163, no estado do Mato Groso, com os incêndios que ocorrem em seu entorno. Utilizamos dados de atropelamentos da concessionária que opera a rodovia e dados de focos de incêndios do INPE, entre setembro de 2014 e fevereiro de 2019. Classificamos os incêndios em focos ocorridos a até 1 km e 5km e de distância do ponto de atropelamento e os classificamos em três variáveis temporais: focos ocorridos a até 3 dias, 1 mês e 6 meses antes do registro de atropelamento. Para avaliar a presença de incêndios ao longo da rodovia, estabelecemos pontos aleatórios distribuídos proporcionalmente. As variáveis foram avaliadas através da correlação de Pearson e a autocorrelação espacial entre os registros, pelo índice de Moran. Para verificar os efeitos do fogo no atropelamento de mamíferos utilizei um modelo de regressão linear logística Stepwise Backward, considerando a presença ou ausência de focos de incêndio a 1 e 5 km e dentro do período determinado para cada um dos registros. A análise foi feita para todos os atropelamentos de mamíferos, para os grupos de espécies de acordo com seu hábito locomotor e para as espécies com mais de 200 registros. Foi possível realizar as análises com 7 espécies de mamíferos e com os grupos de espécies arborícolas, escansoriais e terrestres. As variáveis geográficas com buffer de focos de incêndio a 5 km, foram mais frequentemente significativas (n = 11) que variáveis de buffer a 1 km (n = 3). As variáveis temporais de seis meses (n = 7) e um mês (n = 5) foram mais frequentemente significativas e que as variáveis de três dias (n = 2) A maioria das espécies (n = 4) e todos os grupos de espécies, apresentaram relação negativa com a presença de incêndios. Esta relação pode estar sendo causada por mortalidade, redução na disponibilidade de recursos ou conversão de áreas naturais para atividade agropecuária. A capivara foi a única espécie que apresentou relação positiva com a presença de incêndios, essa relação ocorreu na escala de tempo de seis meses e pode indicar que estes animais estejam sendo atraídos para locais onde houve queimada, devido à rebrota da vegetação.

Financiamento:

CAPES e CNPQ

Área

Ecologia