11º Congresso Brasileiro de Mastozoologia e 11º Encontro Brasileiro para o Estudo de Quirópteros

Dados do Trabalho


Título:

O CONSUMO DE ISCAS POR ANIMAIS NAO MAMIFEROS EXPLICA O BAIXO SUCESSO DE CAPTURAS NA FLORESTA AMAZONICA?

Resumo:

Amostrar pequenos mamíferos não-voadores na Amazônia é desafiador devido à ineficiência dos métodos de captura. Apesar de armadilhas iscadas apresentarem eficiência adequada na maioria dos ecossistemas do Brasil, com sucesso de captura em torno de 5%, na região amazônica a eficiência cai drasticamente. Mesmo apresentando a maior diversidade de mamíferos do país, este fato pode inviabilizar estudos científicos sobre roedores e marsupiais na região. Neste trabalho foi testada a hipótese de que a baixa eficiência de captura de mamíferos no bioma se deve ao consumo das iscas por outros grupos da fauna. Durante um estudo ecológico com pequenos mamíferos em áreas de corte seletivo de madeira de impacto reduzido, realizado no ano de 2020 no estado do Amazonas, foram registradas a ausência de iscas e a presença de animais não mamíferos no interior das armadilhas. A amostragem foi realizada com armadilhas do tipo sherman, duas em cada ponto, instaladas no solo e estrato arbóreo (1,5 m do solo). As armadilhas foram reiscadas diariamente com uma mistura a base de banana, farelo de milho, sardinha e amendoim moído. Após o esforço de 2.606 armadilhas-noites nas áreas de estudo, apenas oito indivíduos de pequenos mamíferos foram capturados, resultando no sucesso de captura de 0,31%. Para testar a hipótese, a ausência de isca e a presença de fauna não mastozoológica foram registradas durante dois dias consecutivos. Após 300 checagens de armadilhas nenhum pequeno mamífero foi capturado, enquanto animais não mamíferos foram encontrados no interior das armadilhas em 248 ocasiões. As iscas estavam ausentes em 57 ocasiões (19% das checagens), sendo que em 37 destas animais não mamíferos estavam presentes. Os principais táxons identificados foram Hymenoptera: Formicidae (n = 141), Coleoptera (n = 92), Orthopera (n = 31), Blattodea (n = 29), Lepidoptera (n = 6), Araneae: Aracnida (n = 5), Diptera (n = 4), Mantodea (n = 1) e Squamata (n = 1). O resultado indicou que o consumo das iscas por outros animais pode reduzir sua disponibilidade para pequenos mamíferos, porém não o suficiente para alcançar a maioria das armadilhas, que continuaram iscadas e armadas mesmo quando outros animais estavam presentes. Com base nesse resultado e em um sucesso de captura de 5%, era esperada a captura de 12 indivíduos de pequenos mamíferos nos dois dias de amostragens. Dessa forma, conclui-se que o efeito do consumo de iscas por animais não mamíferos, embora possa contribuir para reduzir a eficiência de captura, não seja a explicação para o baixo sucesso de captura obtido nas áreas de estudo e, possivelmente, em outros estudos na região amazônica.

Palavras-chave: eficiência amostral, inventariamento de fauna, live-traps, sucesso de captura.

Financiamento:

Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM) - Programa de Apoio à Fixação de Doutores no Amazonas - FIXAM 005/2018
Apoio: Mil Madeiras Preciosas LTDA

Área

Outros

Autores

Ricardo Augusto Serpa Cerboncini, Juliana Palagi, Jucimar Gomes de Almeida, Emmanuel Nonato Jeronimo, Talita Vieira Braga, Louri Klemann Junior