11º Congresso Brasileiro de Mastozoologia e 11º Encontro Brasileiro para o Estudo de Quirópteros

Dados do Trabalho


Título:

Registro de predação de Salvator merianae (Duméril & Bibron, 1839) por Galictis cuja (Molina, 1782): Primeiro registro ocorrente no Rio Grande do Sul

Resumo:

Galictis cuja distribui-se amplamente na porção leste e sul da América do Sul. No Brasil, ocorre nos biomas Mata Atlântica, Cerrado, Caatinga, Pantanal e Pampa, em diferentes tipos de ecossistemas e habitats. Os furões, popularmente chamados os indivíduos dessa espécie, são predadores generalistas, ativos no período diurno e noturno, com alta habilidade de predação em tocas, buracos e ninhos. A dieta de G. cuja varia de acordo com a disponibilidade de recursos em seu habitat. Estudos com análises de fezes evidenciaram que pequenos mamíferos são preponderantes na dieta dessa espécie e, em menores proporções, aves, anfíbios e répteis, embora para esses grupos haja uma grande quantidade de relatos informais. Especificamente, observou-se a preferência de predação de roedores nativos e de espécies introduzidas como Lepus europaeus (Pallas, 1778) e Oryctolagus cuniculus (Linnaeus, 1758). Relatos gravados de predação são escassos, visto a dificuldade de captura de imagens dos animais. Aqui é apresentado o primeiro registro de predação do lagarto Salvator merianae por G. cuja, próximo as falésias no Parque Estadual da Guarita, município de Torres, litoral norte do Rio Grande do Sul. Este registro foi baseado em dois vídeos realizados por um morador local, com duração de aproximadamente um minuto cada e período de tempo desconhecido entre os mesmos. O registro ocorreu no dia 09 de dezembro de 2021 no período diurno. No primeiro vídeo, é possível visualizar um indivíduo de S. merinae e outro de G. cuja abaixo das rochas presentes na beira mar. O vídeo não mostra nitidamente a ação do ataque, porém é possível constatar que os animais estão em uma situação de luta, com o lagarto sob ataque, girando seu corpo pela areia. Após passados alguns segundos, o furão sai debaixo da rocha e sobe o morro próximo. No segundo vídeo, o furão volta até as rochas para buscar sua presa, prende seus dentes no pescoço do animal morto e o carrega com dificuldade em direção ao morro rochoso em meio a vegetação arbustiva, deixando-o cair diversas vezes no percurso, provavelmente devido ao tamanho da presa relativamente grande para o indivíduo de G. cuja. Neste vídeo nota-se que a presa possui a área do pescoço bastante ferida, indicando ser o local principal de ataque do furão. O registro de predação é extremamente raro em um meio antrópico, sobretudo com a presença de pessoas ao redor. Em pesquisa bibliográfica foi possível encontrar apenas um registro documentado, descrevendo a ocorrência de predação da espécie, por meio de armadilhas fotográficas em região florestal da cidade do Rio de Janeiro, considerado o primeiro registro em vídeo. Estudos evidenciam que G. cuja são fortes predadores, extremamente habilidosos na caça em locais estreitos devido a sua anatomia, e que apesar do seu pequeno porte, são capazes de caçar animais com peso equivalente ao seu, como é o caso de S. merinae, considerado um dos maiores lagartos do Brasil.

Palavras-chave: Dieta, mustelídeo, carnívoro, ambiente antrópico

Financiamento:

Área

Ecologia

Autores

Danielle Ronçani Rampinelli