11º Congresso Brasileiro de Mastozoologia e 11º Encontro Brasileiro para o Estudo de Quirópteros

Dados do Trabalho


Título:

EFEITO DA MASSA CORPORAL SOBRE OS ARRANJOS DOS FEIXES DE ELASTINA E MÚSCULOS INTRAMEMBRANOSOS DAS ASAS DE MORCEGOS FILOSTOMÍDEOS (CHIROPTERA, PHYLLOSTOMIDAE)

Resumo:

Os morcegos são os únicos mamíferos que apresentam voo dinâmico, o qual é associado a uma membrana patagial que se estende ao longo dos cinco dígitos das mãos, tronco e membros posteriores. Reunindo mais de 1.450 espécies, os quirópteros têm uma grande diversidade de morfologia das asas, cinemática de voo e massa corporal. Na região Neotropical destaca-se a família Phyllostomidae, com mais de 200 espécies, das quais 93 ocorrem no Brasil. As asas possuem fibras de elastina e músculos intramembranosos, como o plagiopatagiales proprii, formando uma arquitetura de feixes visíveis macroscopicamente e que concedem à membrana alar uma variação elástica e rigidez ajustável, sendo estruturas anatômicas fundamentais para a aerodinâmica. Estas características têm sido exploradas dentro do campo da biomimética, inspirando os roboticistas no projeto de asas com membranas altamente deformáveis e elásticas em associação com um esqueleto mecânico articulado. Tendo em vista a ampla variação de tamanho nos quirópteros, hipotetizamos que a massa corporal seja um fator importante na estruturação da arquitetura de feixes musculares e de elastina do plagiopatágio. O objetivo é descrever, quantificar e investigar se a organização destes feixes está correlacionada à massa corporal em espécies de filostomídeos. Para isso, estão sendo examinados exemplares coletados na Mata Atlântica e espécimes já depositados na coleção de mamíferos do Museu Nacional. Os espécimes são fotografados em posição padronizada, com a asa direita e esquerda aberta sobre uma caixa de luz com filtro polarizador, tornando-se possível visualizar e quantificar os feixes do plagiopatágio com base em birrefringência. A massa corporal é obtida, sempre que possível, da etiqueta do espécime. A partir das imagens são descritas a variação intraespecífica e interespecífica na arquitetura do M. plagiopatagiales proprii e de fibras de elastina, do ponto de vista qualitativo e quantitativo. A variação intraespecífica foi estudada em 3 espécies com massas corporais distintas Lonchophylla peracchii (~9g), Carollia perspicillata (~17g) e Artibeus obscurus (~50g). Já a variação interespecífica foi, até o momento, analisada em 64 espécimes, de 11 gêneros e 5 subfamílias de Phyllostomidae. Os filostomídeos, de forma geral, apresentam a distribuição de fibras de elastina e M. plagiopatagiales proprii em orientação próximo-distal e rostral-caudal, respectivamente. Foi observada baixa variação intraespecífica em L. peracchii, C. perspicillata e A. obscurus, o que indica que a arquitetura é bem conservada dentro das espécies. Os padrões de distribuição dos feixes de elastina e musculares apresentam baixa variação intraespecífica. Por outro lado, foi observada alta variação interespecífica na distribuição, tamanho, e grau de ramificação dos feixes musculares e de elastina no plagiopatágio de filostomídeos. Além disso, foram observadas semelhanças na distribuição e quantidade dos feixes de M. plagiopatagiales proprii em espécies que compartilham uma mesma subfamília (Sternodermatinae), indicando um componente filogenético na estruturação dos feixes. Os resultados preliminares da variação quantitativa constataram pouca correlação entre o número de feixes musculares e a massa corporal em filostomídeos (R2 = 0,10; p = 0,33). A espessura e a área de distribuição dos feixes musculares no plagiopatágio, entretanto, parece estar relacionado com a massa corporal, o que ainda será testado.

Financiamento:

Área

Anatomia e Morfologia

Autores

Alana Conceição Da Silva, Nathália Siqueira Veríssimo Louzada, William Côrrea Tavares