11º Congresso Brasileiro de Mastozoologia e 11º Encontro Brasileiro para o Estudo de Quirópteros

Dados do Trabalho


Título:

MACACO OU MACACA, EIS A QUESTAO: DIMORFISMO SEXUAL EM CRANIOS DE PARAUAÇUS, CUXIUS E UACARIS, (PITHECIIDAE, PLATYRRHINI)

Resumo:

Os estudos sobre dimorfismo sexual em macacos da Subfamília Pitheciinae focam principalmente na anatomia externa, de modo que a anatomia craniana é menos explorada nesse tópico. Embora existam diversos trabalhos a respeito de morfologia e morfometria a incluir piteciíneos, a maioria abrange diversas famílias de primatas, contando com poucos exemplares e espécies dessa Subfamília. Nas principais referências no tema, houve foco na diferença de massa, cor da pelagem e comprimento dos caninos, bem como, nas origens evolutivas e ecológicas do dimorfismo. O estudo publicado mais completo quanto ao dimorfismo sexual em crânios de primatas contou com 15 variáveis mensuradas em 64 espécimes das espécies Cacajao calvus e Pithecia pithecia, com 28 e 36 representantes respectivamente. Esse trabalho tem como objetivos principais a identificação, quantificação e comparação das diferenças intersexuais em aspectos morfométricos dos crânios de macacos dos gêneros Cacajao, Chiropotes e Pithecia. Os exemplares examinados pertencem ao Museu Paraense Emílio Goeldi. Os gêneros Cacajao (uacaris), Chiropotes (cuxiús) e Pithecia (parauaçus) foram representados por 15, 95 e 98 espécimes respectivamente. Os dados foram obtidos com a medição de um paquímetro digital com aferição mínima de 0,01 mm. Foram empregadas 21 variáveis morfométricas divididas nos domínios facial, neural e neutro. Após a retirada dos outliers, os dados foram submetidos a testes estatísticos univariados (testes de significância) e multivariados (MANOVA, ACP e AFD). Os caracteres dimórficos foram em Pithecia: LNA, CAN, BCS, NPR, LBO, ZIG, POP; Em Chiropotes: CAN, LPA, CMS, BCI, CMI, EKS, BCS, PAL, LBO, BVE, CMA, ZIG; Em Cacajao: CML, CAN, IGN, CMS, BCI, CMI, EKI, BCS, PAL, NPR, LBO, ACM, CMA, ZIG e POP. Assim, Cacajao apresentou maior dimorfismo, seguido por Chiropotes, enquanto Pithecia obteve dimorfismo notavelmente menor. Os fatores mais influentes no dimorfismo sexual em primatas são: tamanho, sociabilidade, competição sexual, dieta e hábito. A dieta dos macacos analisados é bastante similar, são sumariamente frugívoros adaptados à durofagia. Também são altamente arborícolas, excluindo o hábito como fator que diferencia o grau de dimorfismo. Os maiores piteciíneos são os uacaris, com certas espécies de cuxiús os alcançando em massa. Essa disparidade de porte, os confere maior dimorfismo sexual do que aos parauaçus. Por fim, maior sociabilidade e poliginandria estão associadas com maior dimorfismo. Uacaris e cuxiús formam grandes grupos de forrageio, o que fomenta seu maior nível de competição intrasexual. Ademais, as estratégias de acasalamento de cuxiús e uacaris são poliginândricas, enquanto os parauaçus são submonogâmicos. Todos os fatores sociais dos parauaçus contribuem para um dimorfismo sexual baixo, em contraste com uacaris e cuxiús, que apresentam maior dimorfismo. Historicamente, os piteciíneos possuem dimorfismo sexual classificado como baixo – incluindo diferenças de pelagem, tamanho e caracteres não-morfométricos. Nesse trabalho, foi perceptível que uacaris e cuxiús apresentam maior dimorfismo na morfometria craniana do que os parauaçus, possivelmente, elevando seu status de dimorfismo de morfometria craniana para moderado. Em suma, Pithecia obteve baixos valores de dimorfismo. enquanto Chiropotes e Cacajao revelaram maior dimorfismo. O domínio facial revelou maior dimorfismo que os demais. Palavras-chave: Primatologia; Morfometria craniana; Dimorfismo sexual; Cacajao; Chiropotes; Pithecia.

Financiamento:

Área

Anatomia e Morfologia

Autores

Giovanni Sousa Marques