11º Congresso Brasileiro de Mastozoologia e 11º Encontro Brasileiro para o Estudo de Quirópteros

Dados do Trabalho


Título:

BIOACUMULAÇAO DE METAIS PESADOS EM PEQUENOS MAMIFEROS EM AGROFLORESTAS DE CACAU SOMBREADO E REMANESCENTES FLORESTAIS NO SUL DA BAHIA, BRASIL

Resumo:

A crescente demanda por recursos e produção de alimentos, leva a uma redução drástica da biodiversidade e dos serviços ecossistêmicos. Uma das opções para mitigar os efeitos decorrentes das mudanças no uso da terra é a adoção de sistemas amigáveis à vida selvagem, como as agroflorestais de cacau, que integram a produção com a conservação da biodiversidade. Agroflorestas de cacau possuem alta importância ambiental e econômica, abrigando uma parcela significativa de animais e plantas. No entanto, com a intensificação do manejo do cacau, há o uso frequente de agroquímicos, os quais possuem altos teores de metais pesados em sua composição. Os agroquímicos comumente usados são fungicidas à base de cobre (Ridomil Gold 66 WP, Bordeaux mixture, etc.), à base de manganês (Maneb e Mancozeb) e fertilizantes à base de fosfato (Phostoxin). A aplicação contínua desses agroquímicos tem sido associada ao acúmulo de metais pesados no solo e nas árvores de cacau. Assim, os sistemas agroflorestais de cacau são considerados fontes não pontuais de poluição ambiental. Metais pesados são compostos altamente reativos e cumulativos com capacidade de contaminação ambiental, causando impactos na saúde humana, dos animais e do ambiente. Uma vez presentes no corpo dos animais, os metais pesados são armazenados nos tecidos moles, penas e pelos, já que os animais são incapazes de excretá-los de forma eficaz. Pequenos mamíferos são conhecidos como bioindicadores ambientais, pois alertam sobre a biodisponibilidade dos contaminantes e os efeitos adversos. O objetivo principal foi determinar as concentrações de metais pesados em pequenos mamíferos de agroflorestas de cacau e remanescentes de Mata Atlântica na região sul da Bahia, Brasil. 34 pequenos mamíferos foram capturados nas agroflorestas de cacau e 18 nos remanescentes de Mata Atlântica. Foram estimadas, em amostras de pelo, as concentrações de Chumbo - Pb, Níquel - Ni, Cromo - Cr, Cádmio - Cd, Manganês - Mn e Cobre - Cu. Descobrimos que ambos os habitats estudados apresentaram concentrações altas de Pb, uma vez que as concentrações deste metal estão acima do limite permitido para solos. As concentrações de metais pesados observadas nos pequenos mamíferos das agroflorestas de cacau foram maiores do que as concentrações observadas nos remanescentes florestais (Agroflorestas de cacau (mg/Kg): Pb - 26.42±16.42; Ni - 5.31±4.3; Mn - 1.64±2.63; Cu - 1.13±1.15; Cd - 1.42; Mata Atlântica (mg/Kg): Pb - 19.28±14.46; Ni - 0.18; Mn - 0.34±0.40; Cu - 1±2.05), devido, possivelmente, à aplicação de agroquímicos para o controle doenças e aumento da produtividade do cacau. As atividades antrópicas juntamente com a expansão agrícola sobre ecossistemas naturais levam a elevados níveis de contaminação. Os marsupiais apresentaram maiores concentrações de Pb em comparação aos roedores e isso pode estar associado aos hábitos alimentares e ao uso do habitat. Assim, este é o primeiro estudo a avaliar a contaminação por metais pesados em pequenos mamíferos em agroflorestas de cacau e remanescentes de Mata Atlântica no Brasil, fornecendo dados importantes que indicam a presença de metais pesados nos animais e, consequentemente, no ambiente onde se encontram.

Palavras-chave: Agroecossistemas; Agroquímicos; Contaminação; Marsupiais; Roedores; Sistema agroflorestal.

Financiamento:

Área

Ecologia

Autores

Letícia Soto da Costa, Adailson Pereira de Souza, Ricardo Siqueira Bovendorp