11º Congresso Brasileiro de Mastozoologia e 11º Encontro Brasileiro para o Estudo de Quirópteros

Dados do Trabalho


Título:

ESTUDOS CITOGENETICOS EM ROEDORES (RODENTIA: MAMMALIA) DAS REGIOES PESTIGENAS BRASILEIRAS.

Resumo:

A peste é uma das mais antigas zoonoses da história da humanidade, estando ainda presente em diversas regiões do mundo, abrigada nos roedores, que são os reservatórios do agente causador. No Brasil, a doença penetrou por via marítima e irradiou para as regiões, hoje reconhecidas como focos naturais, ou seja, regiões que possibilitaram a permanência do patógeno sem interferência antrópica. Esses focos são distribuídos no nordeste do país, norte de Minas Gerais e Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro. Delimitar as espécies que povoam essas regiões e conhecê-las nos mais amplos aspectos biológicos é de extrema importância para o controle da infecção. Este trabalho teve como objetivo investigar a diversidade das espécies de roedores, nas regiões pestígenas brasileiras, analisando a literatura disponível e descrevendo cariótipos, contribuindo assim para a identificação precisa dos reservatórios. Para isso, realizamos um levantamento bibliográfico dos cariótipos publicados na literatura, para essas regiões, além de estudar material citogenético do Laboratório de Mastozoologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Esse material foi obtido a partir de coletas em focos pestosos do nordeste e sudeste do Brasil, em parceria com o Instituto Aggeu Magalhães (FIOCRUZ-PE) e com o Museu Nacional (UFRJ), onde os espécimes foram depositados. As lâminas foram preparadas e coradas com Giemsa 5%, e suas metáfases fotografadas e analisadas, obtendo-se os cariótipos para cada indivíduo com seus respectivos números diploide (2n) e fundamental (NF), seguindo protocolo padrão. As espécies foram identificadas com base nos cariótipos obtidos e análises morfológicas da pele e crânio dos espécimes. Da literatura, 17 espécies de roedores apresentam associação confirmada ou presumida com peste. Levantamos mais de 30 diferentes cariótipos, referidos a regiões pestígenas, para essas espécies. Uma delas, Kerodon rupestris tem cariótipos de três focos pestosos, dos estados de Minas Gerais, Ceará e Bahia. Nas regiões de peste do Ceará e Bahia, K. rupestris apresentou 2n=52 e NF=92, e para Minas Gerais, observamos diferença no número fundamental NF=94. Diferenças na morfologia dos cromossomos autossômicos e sexuais entre as localidades também foram observadas. Das amostras citogenéticas do laboratório, selecionamos roedores pertencentes à três espécies: Galea spixii, Nectomys squamipes e Rattus rattus, e seus cariótipos foram descritos, respectivamente, com 2n=64, NF=118; 2n=56, NF=56 e 2n=38, NF=58. G. spixii apresentou cariótipo similar aos da literatura, diferindo de outras regiões pestígenas apenas no tamanho do cromossomo sexual Y, que foi, proporcionalmente, maior. Para N. squamipes e R. rattus, os cariótipos obtidos não apresentaram diferenças significativas com outras regiões pestígenas brasileiras. Chamamos a atenção que a citogenética de roedores para regiões de peste no Brasil é pouco explorada e que esse estudo é uma importante ferramenta taxonômica para conhecer as espécies de roedores, ligadas à zoonose, sendo relevante para compreender o mecanismo da perpetuação dos focos de peste no Brasil e no mundo.

Palavras-chave: peste, cariótipo, zoonoses.

Financiamento:

PIBIC-UFRJ; UFRJ; MUSEU NACIONAL - UFRJ; INSTITUTO AGGEU MAGALHÃES - FIOCRUZ

Área

Sistemática e Taxonomia

Autores

Isabela Bernardes Freitas da Silva Domingues, Margaret Maria de Oliveira Corrêa, João Alves Oliveira, Alzira Maria Paiva de Almeida, Leila Maria Pessôa