11º Congresso Brasileiro de Mastozoologia e 11º Encontro Brasileiro para o Estudo de Quirópteros

Dados do Trabalho


Título:

PADRAO DE INTERAÇAO MORCEGO-ECTOPARASITO EM SERGIPE, NORDESTE DO BRASIL: UMA ABORDAGEM DE REDES ECOLOGICAS

Resumo:

As redes de interação podem nos fornecer informações mais completas dos sistemas ecológicos, auxiliando na compreensão de como as comunidades biológicas estão organizadas, como as espécies se conectam e as implicações dessas interações para o ecossistema. Assim, esse trabalho teve como objetivos representar através de uma rede bipartida as interações entre morcegos e ectoparasitos registradas no estado de Sergipe; bem como identificar o padrão de interação e calcular as métricas de conectância, especialização, aninhamento, modularidade e centralidade. Esse trabalho foi realizado a partir de dados da relação hospedeiro-parasito relatados em artigos científicos para o estado e de um estudo em execução desenvolvido pelas autoras. A rede de interação foi gerada utilizando dados binários, sendo consideradas apenas as associações primárias. A conectância e especialização (H2’) foram calculadas utilizando a função “networklevel” e “specieslevel”. Para o aninhamento, foi utilizada a métrica NODF. Para a modularidade foi utilizado o algoritimo QuanBiMo (Q). A centralidade foi calculada para os morcegos, considerando-se três métricas (relative degree “Kr”, closeness centrality “CC” e betweenness centrality “BC”). As análises foram realizadas no software R, com nível de significância de 5%. A rede de interação foi composta por 20 espécies de morcegos e 25 de ectoparasitos. A conectância observada (0,11) foi considerada mais alta do que o esperado pelo modelo nulo (C=0,10; p=0,014), indicando que as espécies que compõem a rede realizaram muitas interações. O H2’ da rede foi 0, indicando ausência de especialização, sendo considerado inferior ao esperado (H2’=0,11; p=0,008). Os valores de especialização complementar obtidos para os ectoparasitos (d’) variaram de 0 a 1. O aninhamento obtido foi de 15,95, não diferindo do esperado (NODF=15,36; p>0,05). Para a modularidade, o valor obtido foi considerado intermediário (Q=0,58), sendo superior ao esperado pelo modelo nulo (Q=0,10; p<0,05) e indicando que a rede estudada possui uma topologia modular; onde foi observada a formação de seis módulos. Em relação as métricas de centralidade, o Kr variou de 0,1 a 0,7, sendo o maior valor encontrado para Platyrrhinus lineatus. Para a CC, os valores obtidos variaram de 0 a 0,08, onde o maior valor corresponde a Artibeus planirostris, indicando que essa espécie é a que mais compartilha parasitos com os outros hospedeiros. Para a BC, os valores variaram de 0 a 0,3, sendo os maiores registrados para os morcegos A. planirostris e P. lineatus, indicando que na rede estudada tais espécies são consideradas as mais importantes para manter a estrutura conectada. A topologia modular é frequentemente relatada para interações antagonistas, podendo ocorrer devido a história evolutiva e o alto índice de especificidade das interações. Porém, nesse estudo, apesar do valor de modularidade ter sido significativo, a especialização foi considerada baixa. Tal fato pode sugerir que a rede estudada possua na verdade uma topologia composta, onde haveria a formação de subgrupos, sendo estes internamente aninhados. Dessa forma, esse trabalho traz informações relevantes a cerca do tema abordado, evidenciando a necessidade da realização de mais estudos e análises que auxiliem uma melhor compreensão sobre a topologia da rede parasito-hospedeiro.
Palavras-chave: centralidade, modularidade, Streblidae.

Financiamento:

Bolsa CAPES para RHSB; CAPES/FAPITEC 1941/2017

Área

Parasitologia/Epidemiologia

Autores

Rayanna Hellem Santos Bezerra, Adriana Bocchiglieri