11º Congresso Brasileiro de Mastozoologia e 11º Encontro Brasileiro para o Estudo de Quirópteros

Dados do Trabalho


Título:

MODELAGEM DE NICHO ECOLOGICO DO COMPLEXO LEOPARDUS TIGRINUS (MAMMALIA, FELIDAE) ILUMINA SUA ELUSIVA HISTORIA EVOLUTIVA

Resumo:

A história evolutiva de Leopardus tigrinus tem sido estudada com diferentes abordagens, utilizando principalmente dados genéticos e morfológicos. Essas análises sugerem que este táxon é um complexo de espécies distribuído na Costa Rica, Panamá e América do Sul. A fim de avaliar a divergência ecológica entre subgrupos geográficos (possíveis espécies) propostos previamente, e testar a ocorrência de barreiras ambientais históricas que possam ter induzido sua diferenciação, utilizamos o algoritmo de Máxima Entropia para construir modelos de nicho em três diferentes períodos de tempo: último máximo glacial (LGM), Holoceno médio e o presente. Para cada tempo, foram construídos modelos de nicho para o complexo L. tigrinus como uma unidade só, para cada subgrupo geográfico previamente proposto, e para delimitações hipotéticas das populações que que ocorrem no Escudo das Guianas (cujas afinidades evolutivas ainda não estão completamente definidas). Em paralelo, foram avaliadas quatro possíveis barreiras históricas que podem ter impedido ou limitado a conectividade genética entre os subgrupos geográficos: o centro do Panamá, a Amazônia, os Llanos e a depressão Huancabamba (localizada nos Andes). A divergência entre os nichos modelados foi avaliada em duas dimensões: no espaço geográfico, utilizando o índice D do Schoener; e no espaço ambiental através do mínimo volume do elipsoide (MVE). Os resultados indicam que vários dos grupos previamente propostos (com base em dados morfológicos e/ou moleculares) apresentam baixa sobreposição ecológica tanto em nível geográfico como em nível ambiental. Por outro lado, subgrupos andinos sugeridos por análises de DNA mitocondrial apresentam uma alta sobreposição geográfica e ambiental, mas divergem dos grupos do escudo das Guianas e do nordeste do Brasil. Com relação às análises exploratórias do grupo do Escudo das Guianas, observamos uma alta similaridade ambiental e geográfica com o grupo do nordeste do Brasil, embora isso possa ser efeito da diferença na quantidade de dados disponíveis para as duas regiões. Quanto às barreiras, os resultados indicam que a região amazônica e os Llanos não apresentaram adequabilidade ambiental para nenhum dos subgrupos propostos, e portanto provavelmente impediram sua conectividade nos três tempos avaliados. O centro do Panamá se mostrou uma barreira para o grupo andino nos três tempos avaliados, possivelmente restringindo sua conexão recente com a população da América Central. Já a depressão Huancabamba não atuou como barreira em nenhum cenário. De forma geral, nossos resultados indicam que é pouco provável que tenha existido fluxo gênico entre os grupos da região andina e o leste da América do Sul. O oposto parece ser o caso entre o grupo do Escudo das Guianas e o NE do Brasil, embora sejam requeridos mais dados para testar conclusivamente esse resultado. Em conclusão, observamos que, além das diferenças morfológicas e genéticas já reportadas, o complexo L. tigrinus apresenta uma alta divergência ambiental entre seus subgrupos geográficos, e que barreiras históricas provavelmente contribuíram para diferenciação entre estas populações. Desta forma, observamos que análises ecológicas contribuem para uma melhor compreensão dos processos evolutivos que moldaram este complexo, e podem auxiliar no processo de resolução definitiva de sua estrutura taxonômica.

Barreiras geográfica, divergência ecológica, holoceno-medio

Financiamento:

Área

Ecologia

Autores

Alejandra Bonilla-Sánchez, Caroline Sartor, Lester Alexander Fox-Rosales, José Daniel Ramírez-Fernandez, Esteban Brenes-Mora, Mike Mooring, Catalina Sánchez-Lalinde, Fabio Nascimento, Rebecca Zug, Marcelo Juliano Oliveira, Anderson Feijó, Paulo Henrique Marinho, Guilherme Ferreira, Sergio Solari, Tadeu de Oliveira, Eduardo Eizirik