11º Congresso Brasileiro de Mastozoologia e 11º Encontro Brasileiro para o Estudo de Quirópteros

Dados do Trabalho


Título:

MORFOLOGIA POS-CRANIANA DE HIBRIDOS DE CALLITHRIX ERXLEBEN, 1777 NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO (PRIMATES: CEBIDAE)

Resumo:

O gênero Callithrix possui seis espécies reconhecidas, sendo duas delas, Callithrix jacchus e C. penicillata que foram introduzidas no estado do Rio de Janeiro no século XX. Estas espécies e seus híbridos estão estabelecidas em diversos municípios do estado e representam ameaça à C. aurita, espécie nativa que atualmente é classificada pela IUCN como vulnerável. Estudos anteriores avaliando a morfologia craniana e externa mostram que os híbridos exibem um mosaico de caracteres das espécies parentais. Entretanto, os trabalhos acerca da morfologia pós-craniana para espécies de Callithrix e híbridos são escassos. Nosso objetivo é avaliar a variação da morfologia pós-craniana encontrada em híbridos de Callithrix provenientes de três regiões, com base nas mesorregiões do Estado do Rio de Janeiro, sendo elas: Baixadas Litorâneas com Araruama, Armação dos Búzios, Arraial do Cabo, Cabo Frio, Iguaba Grande, São Pedro da Aldeia e Silva Jardim; Metropolitana 1 com Rio de Janeiro, Japeri, Queimados, Mesquita, Nilópolis, São João de Meriti, Belford Roxo e Nova Iguaçu; Metropolitana 2 com Maricá, Niterói e São Gonçalo; assim como das espécies possivelmente envolvidas na hibridação, C. jacchus, C. penicillata e C. aurita. Para isso, avaliamos 65 caracteres qualitativos do fêmur, úmero e escápula de indivíduos híbridos e das duas espécies invasoras depositados na Coleção de Mamíferos do Museu Nacional / UFRJ. Os caracteres usados foram escolhidos seguindo Casteleyn et al (2012), em um estudo anatômico com C. jacchus. Até o momento, avaliou-se 26 espécimes de C. jacchus, cinco de C. penicillata e 34 híbridos no total. Os híbridos apresentaram uma discrepância osteológica em sua coloração, fragilidade e simetria em relação às espécies parentais. Os ossos dos híbridos são mais esbranquiçados, transparentes, frágeis e tortuosos em relação aos de C. jacchus, além de apresentarem porosidades sugestivas de osteopenia. A escápula apresentou tortuosidade no ângulo craniano, ângulo caudal, na borda dorsal, na espinha e um ângulo ventral menor, o úmero mostra protuberâncias no tubérculo maior e menor e o fêmur tortuosidades e irregularidades ósseas na fossa do trocânter, região acima do côndilo medial e lateral e relevo lateral na mesma região. Entre as espécies parentais, C. penicillata e C. jacchus, pôde-se avaliar que C. penicillata apresenta uma diferença na escápula na região do ângulo craniano, caudal e na borda dorsal, sendo estes mais curvos e circulares em sua maioria; e no fêmur, em que o trocânter maior apresentou uma diminuição de tamanho, e na fossa do trocânter possui maior cavidade. Em contrapartida, não foram observadas variações no úmero. O presente estudo acrescenta novas informações ao conhecimento sobre Callithrix, sugere uma possível deficiência existente nos híbridos na sua composição osteológica e uma provável fragilidade e predisposição a fraturas, uma vez que sua morfologia pós-craniana apresenta regiões com porosidade e tortuosidade não existentes nas espécies parentais. O próximo passo é analisar o esqueleto apendicular de C. aurita e compará-lo com o dos híbridos, e também aumentar as amostras dos táxons já estudados, no sentido de buscar padrões nas distinções reveladas com as amostras estudadas até o momento. Palavras-chave: saguis; hibridação; morfologia comparada

Financiamento:

Área

Anatomia e Morfologia

Autores

Sara Campos Romero dos Santos, Adrielle Marins Cezar, João Alves de Oliveira, Marcelo Weksler