11º Congresso Brasileiro de Mastozoologia e 11º Encontro Brasileiro para o Estudo de Quirópteros

Dados do Trabalho


Título:

QUANTAS ESPECIES DE CUICAS-DE-TRES-LISTRAS MONODELPHIS (MICRODELPHYS) IHERINGI (THOMAS, 1888) HA NA MATA ATLANTICA?

Resumo:

Monodelphis é o gênero mais diverso de marsupiais da família Didelphidae, apresentando 24 espécies reconhecidas, alocadas em 5 subgêneros. O subgênero Microdelphys abriga as cuícas-de-três-listras M. americana, M. iheringi e M. scalops na Mata Atlântica, e M. gardneri nos Andes. Monodelphis iheringi se destaca dentre as espécies desse subgênero por estar restrita ao sudeste e sul do Brasil, e por carecer de revisões taxonômicas abrangendo toda a sua distribuição. Este trabalho tem como objetivo revisar a variação morfológica e genética de amostras de M. iheringi, fornecendo subsídio para avaliar se há mais de uma espécie nesta forma nominal. Sequências do gene mitocondrial citocromo b (cytb; 801pb) foram obtidas para novas amostras de M. iheringi dos Estados do Rio de Janeiro (3 populações) e do Paraná (1 população), e combinadas com sequências de amostras do Espírito Santo disponíveis no GenBank, além de representantes de 13 espécies do gênero. As inferências filogenéticas foram realizadas pelo método de máxima verossimilhança (RAxML8.0), sendo a consistência dos clados avaliada por 1000 réplicas de rapid bootstrap, e a divergência genética entre clados descrita pela distância p. Espécimes do Rio de Janeiro (3 populações) e do Paraná (1 população) foram medidos (10 medidas craniodentárias) e examinados quanto à variação em caracteres morfológicos descritos pela literatura. Uma análise de componentes principais (PCA) foi utilizada para descrever os padrões de variação craniométrica dentro e entre as populações. Todas as amostras previamente identificadas como M. iheringi formam um grupo monofilético, mas com níveis substanciais de divergência genética (4 – 8.9%) entre populações, comparáveis a níveis interespecíficos em marsupiais didelfídeos e congruentes com a variação morfológica encontrada. Uma população do Rio de Janeiro e uma do Paraná exibiram caracteres de pelagem distintos das demais populações, apresentando listras negras dorsais mais largas, com faixa central se estendendo do focinho à base da cauda, pelagem ventral avermelhada com base acinzentada e sem contrastar com as laterais do corpo. Em contrapartida, as outras duas populações do Rio de Janeiro possuem a listra central mais estreita e fracamente distinguível da pelagem dorsal na região entre os olhos e extremidade posterior do corpo, pelagem ventral apresentam base acinzentada e ápice amarelo-esbranquiçado, contrastando com as laterais do corpo. A PCA evidenciou divergência de tamanho craniano entre as populações do Rio de Janeiro e Paraná, e revelou distinções entre estas populações quanto ao nível de dimorfismo sexual, onde machos são significativamente maiores do que fêmeas apenas em duas populações de M. iheringi do Rio de Janeiro. A diversidade genética e morfológica encontrada até o momento sugere que exista mais de uma espécie entre as amostras identificadas como M. iheringi.
Palavras-chave: taxonomia; sistemática; morfometria; diversidade; dimorfismo sexual.

Financiamento:

CAPES; FAPERJ

Área

Sistemática e Taxonomia

Autores

Isabelle Chagas Vilela Borges, Carina Azevedo Oliveira Silva, Pablo Rodrigues Gonçalves