Dados do Trabalho

Título:

EFETIVIDADE DE PROJETOS DE MONITORAMENTO DE BASE COMUNITARIA DA FAUNA CINEGETICA TERRESTRE NOS TROPICOS: UMA REVISAO GLOBAL

Resumo:

Os projetos de monitoramento da biodiversidade compreendem as principais estratégias de conservação estabelecidas para minimizar a perda de biodiversidade. Particularmente, projetos de monitoramento baseados na comunidade foram implementados recentemente em todo o mundo. Essa abordagem favorece três pilares de conservação: fornecimento de informações sobre recursos monitorados ao longo do tempo, empoderamento da população local e ações de gestão. Aqui, realizamos uma revisão sistemática da literatura para identificar todos os projetos de monitoramento comunitários anteriores e atuais da fauna cinegética (incluindo mamíferos e aves alvos de caça) terrestre nos trópicos e examinamos especificamente dezessete desses projetos em termos de custos, interrupção e eficácia. Identificamos um total de 52 projetos, a maioria localizados na América do Sul, especialmente na bacia amazônica, e iniciados a partir do ano 2000. Revelamos uma ampla variedade de custos anuais (de US$ 5.000,00 a US$ 300.000,00 por projeto), um custo anual médio de US$ 0,24/hectare/projeto, com a maioria dessas iniciativas interrompidas ou temporariamente suspensas principalmente por falta de recursos financeiros. Percebemos também que a ausência de análise de dados constituiu o principal obstáculo para a avaliação da fauna cinegética monitorada ao longo do tempo, enquanto o empoderamento foi prejudicado pela falta de participação local intensiva nas diferentes etapas do monitoramento. Por fim, observamos que a maioria das ações de manejo resultou em regras e aplicações comunitárias, incluindo regulamentos locais que regem o uso de recursos, e visam não apenas proteger as espécies, mas também garantir benefícios de longo prazo às comunidades humanas locais. Destacamos que os programas comunitários podem ser mais eficazes ao (i) envolver a população local em todas as etapas do monitoramento, pois empoderar as pessoas pode aumentar seu interesse em continuar monitorando a fauna, mesmo em circunstâncias financeiras limitadas; (ii) construir parcerias sólidas com universidades, centros de pesquisa, ONGs ou associações comunitárias que garantam financiamento de longo prazo e continuidade dos projetos; (iii) investir em recursos humanos para realizar análises espaço-temporais de dados, fundamentais para avaliar as flutuações das espécies no espaço e no tempo; e (iv) traduzir os resultados em ações de manejo e, assim, contribuir efetivamente para a salvaguarda das espécies e, nas áreas protegidas de uso sustentável, garantir sua sustentabilidade a longo prazo.

Financiamento:

Este estudo contou com o apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) - Brasil (CAPES - Código de Financiamento 001).

Área

Conservação