Dados do Trabalho

Título:

REVISAO SISTEMATICA DO USO E SELEÇAO DE ABRIGOS POR MORCEGOS NO BRASIL

Resumo:

Morcegos utilizam uma ampla gama de abrigos e a disponibilidade, características e qualidade destas estruturas afeta a sobrevivência, desenvolvimento e reprodução de indivíduos e populações. A formulação de estratégias de conservação e manejo deve ser fundamentada nas informações referentes ao uso e seleção de abrigos, o que ocorre em nível específico. Nós compilamos informações de estudos sobre uso e seleção de abrigos por morcegos no Brasil focando em três objetivos: 1. local de realização; 2. categorias de abrigos; e 3. espécies avaliadas. Nós buscamos artigos publicados a partir de 1990 até o presente utilizando combinações de palavras-chave em português e inglês (Brasil/Brazil, Chiroptera, morcego/bat, seleção de poleiro/roost selection, uso de poleiro/roost use, seleção de abrigo/shelter selection e uso de abrigo/shelter use). Nós utilizamos as bases Scopus e Web of Science para as buscas, localizando 135 e 1397 artigos, e o Google Acadêmico, encontrando 33.590 resultados. Nós analisamos os 200 primeiros artigos mais relevantes para cada busca e selecionamos 35 artigos de interesse através dos títulos, palavras-chave e resumos. Dentre os artigos, 34 (97,1%) tratam sobre uso de abrigos por morcegos e apenas um (2,9%) aborda seleção de abrigos. Quanto ao local de realização do estudo, foram encontrados 12 (34,3%) trabalhos realizados no Cerrado, 11 (31,4%) na Mata Atlântica, sete (20%) na Caatinga, quatro (11,4%) na Amazônia, um (2,9%) no Pantanal e nenhum no Pampa. Foram encontrados trabalhos realizados em 15 estados, sendo 13 (37,1%) na região Sudeste, a maioria no estado de São Paulo (n=6; 17,1%) e Minas Gerais (n=5; 14,3%); oito (22,9%) no Centro-Oeste, a maioria em Goiás (n=4; 11,4%); sete (20%) no Nordeste; cinco (14,3%) no Norte; e dois (5,7%) no Sul. Os 35 artigos abordaram sete categorias de abrigos, 22 (62,9%) avaliaram cavernas, oito (22,9%) cavidade ou superfície de árvores, oito (22,9%) construções humanas, três (8,6%) tendas, dois (5,7%) fenda em rocha, um (2,9%) em folhagens e um (2,9%) em ninhos de cupim. Os artigos avaliados contêm 741 associações entre 73 espécies de morcegos e as seis categorias de abrigos. A maior parte dos registros é referente a três espécies, Desmodus rotundus (n=86, 11,6%), Carollia perspicillata (n=81, 10,9%) e Glossophaga soricina (n= 68, 9,2%). Os dados compilados evidenciam a carência de estudos em todos os biomas e regiões do Brasil, com o menor número de estudos realizados no Sul. Não há dados suficientes para generalizações para nenhuma das categorias de abrigos, porém, recentemente tem crescido o número de estudos em cavernas. No Brasil ocorrem 181 espécies de morcegos, e para 108 não encontramos nenhum trabalho sobre uso de abrigo, sendo que 32% dos registros se referem a três espécies de ampla distribuição geográfica e abundantes. O conhecimento sobre uso e seleção de abrigos no Brasil é incipiente, refletindo a falta de tradição na realização de estudos em abrigos, as dificuldades metodológicas e a carência de recursos para estudos de longo prazo. Esse cenário de carência de informações dificulta a elaboração de políticas públicas de manejo e conservação de morcegos no Brasil. Palavras-chave: Chiroptera, conservação, manejo, políticas públicas.

Financiamento:

Área

Conservação