11º Congresso Brasileiro de Mastozoologia e 11º Encontro Brasileiro para o Estudo de Quirópteros

Dados do Trabalho


Título:

STATUS DO CONHECIMENTO SOBRE A CONSTRUÇAO E ARQUITETURA DOS NINHOS DE MARSUPIAIS (DILDELPHIMORPHIA)

Resumo:

Os ninhos são estruturas amplamente reconhecidas pela sua importância para a proteção dos indivíduos, reprodução, comportamentos de nidificação e descanso. Os hábitos crípticos e noturnos das espécies de marsupiais dificultam a localização de seus abrigos em ambientes florestais, assim como a descrição dos seus comportamentos de nidificação. Assim, considerando a relevância do tema e a pouca disponibilidade de informações sobre o uso e caracterização de seus ninhos, o objetivo do estudo consistiu em analisar os registros na literatura relacionados a construção e arquitetura dos ninhos de espécies de marsupiais que ocorrem no território brasileiro. A pesquisa bibliográfica foi realizada a partir de sete bases de dados: Web of Science, ResearchGate, PubMed, Scielo, Science Direct, Academia.edu e Jstor. Foram utilizadas as palavras-chave: Ninhos, marsupiais, didelfídeos, pequenos mamíferos não voadores, ninhos artificiais, rádio-telemetria, comportamento de nidificação, mamíferos, Brasil, Mata Atlântica, nesting behavior, didelphids, nests, spool and line, non volant small mammals, sleeping site, resting site, radiotelemetry, artificial nests, opossums, Brazil, mammals, Atlantic Forest. Foram identificados 9 estudos para o Brasil, de 1981 até 2018, com relatos gerais ou parciais sobre a composição e/ou arquitetura dos ninhos de 10 espécies de marsupiais (Caluromys philander, Didelphis aurita, Didelphis marsupialis, Gracilinanus microtarsus, Marmosa demerarae, Marmosa paraguayana, Marmosops parvidens, Marmosops incanus, Metachirus nudicaudatus e Philander opossum), constituindo 14,92% do total de espécies que ocorrem no Brasil. As espécies mais representadas em estudos foram Gracilinanus microtarsus (18,75%) e Marmosa demerarae (18,75%). A descrição da arquitetura dos ninhos foi realizada com maior frequência (81,25%) em comparação à descrição da composição dos ninhos (62,5%). Além disso, apenas 44% dos estudos relataram, simultaneamente, as características de composição e arquitetura. As espécies utilizam folhas, secas e/ou verdes, para a construção dos ninhos, em ocos de árvores ou no solo. Alguns estudos registraram um tipo de padrão para os ninhos, de acordo com a organização das folhas (casulo, formação frouxa, formação espessa e entrelaçada). O padrão mais comum foi o ninho “casulo” (60%). Apenas um estudo sobre o tema foi realizado na última década, em 2018. A utilização preferencial por folhas para a construção dos ninhos pode estar relacionada ao tamanho corpóreo dos indivíduos e à proporção do espaço disponível para acréscimo das folhas no interior dos ninhos, uma vez que estudos sugerem que indivíduos menores utilizaram folhas em maiores quantidades e que o tamanho das folhas também pode indicar o uso diferenciado pelas espécies, respectivamente. O conhecimento sobre a identificação dos ninhos e/ou abrigos, bem como a sua caracterização, também pode revelar aspectos importantes acerca da ecologia e biologia de marsupiais. Além disso, os hábitos das espécies podem fornecer o conhecimento sobre os recursos vegetais utilizados na construção dos ninhos, auxiliando no desenvolvimento de estudos para a conservação das espécies da flora local e no estabelecimento de instrumentos legais, com finalidade de mitigação para as práticas de desmatamento e fragmentação florestal.
Palavras-chave: Brasil, comportamento de nidificação, Didelfídeos.

Financiamento:

Área

Conservação

Autores

Amanda Teixeira dos Santos, Adriana Bocchiglieri