11º Congresso Brasileiro de Mastozoologia e 11º Encontro Brasileiro para o Estudo de Quirópteros

Dados do Trabalho


Título:

INVENTARIOS DE PEQUENOS MAMIFEROS NAO-VOADORES (RODENTIA E DIDELPHIMORPHIA) DAS RESTINGAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Resumo:

A restinga é uma fitofisionomia litorânea inserida no domínio da Mata Atlântica, cujos ambientes evoluíram em planícies arenosas formadas no período quaternário. A restinga ocorre de maneira descontínua ao longo da costa brasileira, apresentando grande extensão em alguns trechos. Esse é o caso do estado do Rio de Janeiro (RJ), onde são encontrados 21 remanescentes de restingas associados a uma zona de transição entre duas grandes regiões costeiras, que abrigam uma alta densidade populacional humana que exerce diversas pressões nos últimos remanescentes de restinga, cuja cobertura representa 2,41% da área total do estado. É importante então conhecer a diversidade presente nesses ambientes e identificar lacunas de conhecimento a serem sanadas, a fim de elaborar estratégias de conservação. Nessa perspectiva, os pequenos mamíferos não-voadores (marsupiais e roedores) constituem um grupo importante, visto que constituem cerca de 40% da fauna de mamíferos presentes na Mata Atlântica, das quais 59 espécies são endêmicas deste domínio. Assim, esse estudo teve como objetivo gerar uma base de dados de composição de pequenos mamíferos em áreas de restingas do estado do RJ, com intuito de reunir informações sobre a composição e riqueza de espécies e identificar áreas carentes de informação. O levantamento foi feito a partir de consulta em data papers publicados recentemente para a Mata Atlântica, além de dados da coleção do NUPEM-UFRJ e revisão sistemática da literatura em bases de dados disponíveis online: Scopus, Web of Science e Google Acadêmico. Foram encontrados seis estudos envolvendo inventários de pequenos mamíferos em nove remanescentes de restingas para o estado do RJ. Foi registrado um total de 16 espécies, sendo sete marsupiais e nove roedores, dos quais oito espécies são da família Cricetidae e um da família Echimyidae. As restingas localizadas no Macrocompartimento Litorâneo da Bacia de Campos (MLBC) foram as mais bem amostradas, perfazendo sete localidades. Entretanto, das restingas dessa região, apenas o PARNA Restinga de Jurubatiba e a ARIE de Itapebussus apresentaram um esforço amostral superior a 2000 armadilhas-noite, com uma riqueza de 13 e sete espécies, respectivamente. No MLBC foram documentadas espécies ameaçadas de extinção como os roedores Trinomys eliasi e Cerradomys goytaca, sendo este último endêmico das restingas da região. As restingas de Tamoios e Barra de Maricá também foram contempladas com inventários, embora apenas a última tenha contado com um esforço superior a 2000 armadilhas-noite e com a presença de T. eliasi. Não foram encontradas publicações para as restingas ao sul do RJ, como as restingas de Grumari, Marapendi e Marambaia. O baixo número de estudos identificados neste trabalho reflete uma lacuna no conhecimento das comunidades de pequenos mamíferos no RJ, que apesar de abrigar um elevado número de mastozoólogos nacionalmente, ainda apresenta restingas carentes de estudo. Considerando a elevada degradação desses ecossistemas costeiros, é importante empreender esforços nesse sentido, antes que as espécies sejam erradicadas sem que sequer tenham sido conhecidas. Esses impactos podem ser extrapolados a outros grupos faunísticos, levando a uma grande perda de biodiversidade para o estado do RJ.
Palavras-chave: Mata Atlântica, roedores, marsupiais, diversidade, remanescentes, composição

Financiamento:

Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior, CAPES, Brasil

Área

Inventário de espécies

Autores

Guilherme Machado Ribeiro Silva, Pablo Rodrigues Gonçalves, Caryne Braga