11º Congresso Brasileiro de Mastozoologia e 11º Encontro Brasileiro para o Estudo de Quirópteros

Dados do Trabalho


Título:

Estrutura da assembleia de pequenos mamíferos não voadores em área de reservatório hidrelétrico do sudoeste da Amazônia

Resumo:

As ações antrópicas tais como implantação de hidrelétricas geram perdas na complexidade de habitats e mudanças na estrutura das assembleias de mamíferos. O monitoramento antes e depois da implementação de barragens hidrelétricas é valioso para avaliar como a inundação das terras baixas afetam a comunidade de animais. O objetivo deste estudo foi avaliar como o barramento do rio Madeira pela Hidrelétrica de Santo Antônio, Estado de Rondônia, afetou a estruturação da assembleia de pequenos mamíferos não voadores. Nós utilizamos dados coletados antes (2009-2012) e em dois períodos após (Pós1: 2012-2013; Pós 2: 2013-2014) o enchimento do reservatório. Amostramos 70 parcelas das quais 24 parcelas seriam alagadas e 46 parcelas cuja previsão era de que permaneceriam secas após o represamento do rio. Também amostramos 49 parcelas que foram monitoradas durante o Pós 1 e o Pós 2. Usamos armadilhas de captura viva (Sherman® e Tomahawk®), totalizando 107.640 armadilhas-noite. Nós capturamos 2.148 indivíduos pertencentes a 27 espécies dos quais 469 indivíduos (18 espécies) foram registrados nas parcelas Pré-não inundável e 180 indivíduos (16 espécies) nas parcelas pré-inundável, ambas categorias de parcelas amostrados antes do enchimento do reservatório. No Pós 1 foram registrados 952 espécimes de 23 espécies e, 547 indivíduos de 21 espécies no Pós 2. A abundância de indivíduos foi maior no Pós 1 em comparação ao Pré-não inundável e ao Pós 2. A riqueza foi maior no Pós 1 em comparação ao Pré-inundável, Pré-não inundável e Pós 2. A composição de espécies diferiu entre todas as categorias de parcela para dados de abundância e de ocorrência das espécies. As 33 parcelas das categorias que não inundaram e que foram amostrados igualmente durante todo o monitoramento (Pré-não inundável, Pós 1 e Pós 2) mostrou baixa similaridade da distribuição das parcelas nos eixos da ordenação por NMDS. De acordo com a análise Procrustes, houve uma maior dispersão das parcelas do Pós 1 e Pós 2 ao redor das parcelas do Pré-não inundável, indicando que a barragem aumentou a dissimilaridade das assembleias das parcelas. Cerca de 69.7% das parcelas no Pós 1 tiveram ganho de espécies e abundância em relação as mesmas parcelas durante o Pré não-inundável. Porém, no Pós 2 o número de parcelas com perda de espécies e abundância de indivíduos (81.8% das parcelas) foi maior que o ganho comparado com o Pós 1. Nós concluímos que a riqueza e abundância aumentou logo após o enchimento do reservatório (Pós 1), mas no segundo ano (Pós 2) começa a retornar aos patamares de antes do enchimento do reservatório, provavelmente como um reflexo da migração para as áreas mais altas, e do estabelecimento dos indivíduos na nova margem do rio. Entretanto, a composição taxonômica segue mudando mesmo após dois anos do impacto, e tal mudança pode ser atribuída a perda e ganho de espécies dentro das unidades amostrais entre diferentes categorias de parcelas.

Financiamento:

Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM), American Society of Mammalogists (ASM)

Área

Ecologia

Autores

Raylenne Silva Araujo, Paulo Estafano Dineli Bobrowiec, Raquel Teixeira Moura, Marco Aurelio Lima Sabato, William Ernest Magnusson