11º Congresso Brasileiro de Mastozoologia e 11º Encontro Brasileiro para o Estudo de Quirópteros

Dados do Trabalho


Título:

Sistemática molecular e delimitação de espécies em Gracilinanus (Didelphimorphia: Didelphidae)

Resumo:

Os marsupiais que ocorrem no Brasil pertencem à família Didelphidae, os quais são conhecidos por apresentar elevada riqueza de espécies e distribuírem-se em diversos ambientes, desde formações abertas até densas florestas. Recentemente, a sistemática molecular tem revelado uma maior diversidade de espécies, melhorando nossa compreensão a respeito dos limites de gêneros e espécies em Didelphidae, bem como das relações filogenéticas e estruturações geográficas em diferentes táxons. Desta forma, investigamos as relações de parentesco no gênero Gracilinanus, com o objetivo de identificar o número de espécies, bem como seus limites taxonômicos, através de métodos moleculares de delimitação de espécies. Este estudo se baseou na análise de uma região de aproximadamente 800pb do DNAmt (Cytb), sendo analisados 24 indivíduos de 21 localidades da Amazônia, Caatinga, Cerrado e Mata Atlântica para as espécies G. agilis, G. emiliae, G. microtarsus e G. peruanus. Adicionalmente, incluímos 64 sequências do Genbank para melhor caracterizar a variabilidade genética e estabelecer os limites específicos e geográficos destas espécies, bem como os limites de variação entre as populações geograficamente estruturadas. As sequências do DNAmt foram editadas e alinhadas no programa GENEIOUS v.8, e as análises filogenéticas basearam-se em Inferência Bayesiana (BI) gerada no programa Mr Bayes v.3.2; e na Máxima Verossimilhança (ML) gerada no programa Garli v2.0.1. Os diferentes métodos de delimitação de espécies usados foram: 1) GMYC e bGMYC, os quais se baseiam no ponto de transição entre a cladogênese e coalescência dos alelos do marcador em questão; 2) PTP e bPTP, baseados no modelo de processos da árvore de Poisson, levando em consideração a taxa de ramificação das árvores de ML. Em nossas análises filogenéticas, para a espécie G. agilis, recuperamos quatro clados altamente suportados e estruturados geograficamente, ampliando os limites de distribuição geográfica dos clados nordeste (para oeste) e centro-oeste (para o sul), contestando a hipótese prévia que considera o curso original do Rio São Francisco como uma barreira de isolamento geográfico responsável pela diferenciação detes clados. G. emiliae foi recuperado como um complexo de espécies composto por quatro linhagens divergentes, revelando forte suporte para a relação entre espécimes do leste da Amazônia e do norte da Mata Atlântica. A filogenia de G. microtarsus reconheceu três grupos monofiléticos, revelando um novo clado relacionado a um evento de diferenciação no sul da Bahia. Os espécimes de G. peruanus formaram um único clado, porém o intervalo de divergência nucleotídica variou de 1,5 a 12,1% quando comparadas amostras do norte de Rondônia com às do sul de Rondônia e oeste de Mato Grosso. Os métodos de delimitação identificaram de 7 a 22 linhagens representando espécies diferentes, entretanto, estudos prévios baseados em dados morfológicos, reconhecem apenas seis espécies neste gênero. Portanto, optamos por considerar o resultado das análises mais conservadoras que identificaram de 7 a 16 possíveis espécies, sugerindo uma maior diversidade para o gênero. Este estudo permitiu ampliar os limites de distribuição das espécies estudadas, bem como observou uma maior variação genética intraespecífica e uma maior riqueza em Gracilinanus.
Palavras-chave: Didelphidae, Filogenia, CYTB, Delimitação de Espécies

Financiamento:

Área

Genética

Autores

Larissa Eler Fernandes, Ana Paula Carmignotto, Ana Cláudia Lessinger