11º Congresso Brasileiro de Mastozoologia e 11º Encontro Brasileiro para o Estudo de Quirópteros

Dados do Trabalho


Título:

Diversidade genética dos pequenos mamíferos não-voadores (Didelphimorphia e Rodentia) do Centro de Endemismo de Pernambuco

Resumo:

A Mata Atlântica é considerada um dos “hotspots” mundiais de biodiversidade devido à sua alta taxa de endemismo e elevada perda de vegetação nativa, restando apenas 12% de sua área original preservada atualmente. Além disso, a distribuição das espécies ao longo do bioma não é homogênea, caracterizando diferentes regiões faunísticas e florísticas ao longo de sua extensão. Uma dessas unidades biogeográficas é o Centro de Endemismo Pernambucano (CEP), localizada ao norte do Rio São Francisco, sendo reconhecida como um importante centro de endemismo na América do Sul. Em estudos recentes que incluem espécimes do CEP, é possível observar a descrição de novos táxons, revalidação de táxons antigos, e novos registros de ocorrência, revelando que sua mastofauna é ainda pouco conhecida, sendo necessário ampliar o conhecimento da diversidade desta região. O objetivo deste estudo foi realizar análises comparativas entre indivíduos de marsupiais e roedores da região do CEP, com espécimes da porção sul da Mata Atlântica e da Amazônia, áreas que abrangem populações filogeneticamente próximas àquelas do CEP, além de espécimes da Caatinga e do Cerrado, que também têm mostrado afinidades com populações do CEP, buscando compreender a história evolutiva dos mamíferos que atualmente ocupam esta área tão peculiar. A diversidade genética nessas populações foi investigada por meio da análise de sequências do DNA mitocondrial (região de 800 pb do Cytb). Até o momento foram analisadas 17 amostras provenientes do primeiro fragmento amostrado em Alagoas, a Mata do Cedro, juntamente com sequências obtidas no Genbank, para as espécies Gracilinanus emiliae, Marmosa demerarae, Metachirus myosuros, Monodelphis americana, Monodelphis domestica, Akodon cursor, Calomys mattevi, Cerradomys langguthi, Nectomys squamipes, N. rattus e Oligoryzomys mattogrossae. As sequências do DNAmt foram analisadas, editadas e alinhadas no programa GENEIOUS v8. Estimativas de distância par a par (K2P) foram obtidas no programa MEGA v11.0.10 e as hipóteses filogenéticas basearam-se em análises de Inferência Bayesiana geradas no programa MrBayes v3.2.7. Os dados obtidos nesta primeira amostragem já revelaram dados inéditos, como a ocorrência de uma provável nova espécie de roedor para o CEP e um intervalo de divergência nucleotídica em comparações intraespecíficas variando de 1,3 a 10%, sugerindo um cenário de diversificação mais complexo (novas espécies e/ou linhagens endêmicas), que pode vir a elevar tanto a riqueza quanto os níveis de endemismo já reconhecidos para o CEP. Considerando as hipóteses filogenéticas testadas, identificamos afinidades tanto com populações e/ou espécies do CEP com o leste Amazônico (e.g. G. emiliae, M. demerarae e M. americana), bem como com a porção sul da Mata Atlântica (e.g. A. cursor e M. myosuros), além de também reconhecermos populações associadas às formações abertas, mais aparentadas a linhagens do Cerrado (e.g. M. demerarae e O. mattogrossae) ou da Caatinga (M. domestica, C. mattevi e C. langguthi). As relações filogenéticas que obtivemos revelaram agrupamentos incluindo espécies de diferentes biomas e regiões biogeográficas, apontando uma história evolutiva complexa dos pequenos mamíferos do CEP, e salientando a importância da preservação desta região.
Palavras-chaves: CEP, DNAmt, filogeografia, Mata Atlântica, marsupiais, roedores

Financiamento:

Área

Genética

Autores

Larissa Eler Fernandes, Ana Cláudia Lessinger, Roberta Paresque, Ana Paula Carmignotto