11º Congresso Brasileiro de Mastozoologia e 11º Encontro Brasileiro para o Estudo de Quirópteros

Dados do Trabalho


Título:

VARIAÇAO MORFOLOGICA DAS PEGADAS DOS MARSUPIAIS MARMOSA DEMERARAE E MARMOSOPS INCANUS EM MATA ATLANTICA, SERGIPE.

Resumo:

O modo como os pequenos mamíferos utilizam a estrutura do habitat pode estar relacionado com algumas características morfológicas e estudos sobre a morfometria desses animais podem contribuir para a compreensão dessas relações. Com a morfometria geométrica é possível verificar diferenças em relação ao tamanho e a forma dos membros anteriores e posteriores. Esse estudo teve como objetivo verificar se há diferença na forma dos membros anteriores e posteriores dos marsupiais Marmosops incanus e Marmosa demerarae no Refúgio de Vida Silvestre Mata do Junco, fragmento de Mata Atlântica em Sergipe. Os indivíduos foram capturados entre abril e agosto de 2017 através de armadilhas Sherman. Os membros anterior e posterior esquerdos foram pressionados em uma almofada de impressão digital e posteriormente em uma folha em branco. Em seguida, cada impressão foi digitalizada em preto e branco. Após a digitalização, utilizou-se o software TpsUtil para transformar as imagens em TPS (“Thin plate spline”). Os seis centros das almofadas da sola e dígitos deixadas pela impressão dos membros foram considerados como marco anatômico (Landmark) no software TPSDIG 1.18, sendo marcados seis marcos antômicos nos membros posteriores e anteriores de M. demerarae e M. incanus Para realizar as análises morfométricas das pegadas foi utilizado o software MorphoJ versão 1.06 para obtenção das variáveis de forma (deformações parciais e componentes uniformes) pela sobreposição dos marcos anatômicos (Algoritmo de Procrustes). Esse algoritmo constitui-se na centralização, translação, rotação e minimização das distâncias dos marcos anatômicos. A partir das variáveis de forma foi realizada uma Análise de Função Discriminante (AFD) para verificar se há diferenças na forma das pegadas entre as espécies no software MorphoJ. Foram amostradas 10 pegadas, sendo seis de M. demerarae e quatro de M. incanus. Os resultados demonstraram diferença na forma apenas para os membros posteriores das duas espécies. As diferenças foram identificadas principalmente nos marcos anatômicos 1, 4 e 6, revelando pegadas curtas e largas (distância de Procrustes = 0,06512281; distância de Mahalanobis= 73,3387; p= 0,0026). A diferença na forma dos membros posteriores pode estar relacionada na utilização diferenciada do espaço devido ao fato de M. demerarae ser mais arborícola em relação a M. incanus. Outro fator é que o baixo número de amostras pode ter influenciado no resultado, visto que em outros estudos também foi constatada diferença nos membros anteriores. O fato de pegadas anteriores serem utilizadas em outras ações, e não só na locomoção, pode refletir em uma menor pressão adaptativa da característica morfológica, diferente das patas posteriores que são utilizadas em ações específicas de locomoção. Com isso, os membros posteriores demonstraram ser mais adequados na distinção dessas espécies. Foi possível verificar que as pegadas apresentam um formato curto e largo, refletindo em uma maior sustentação e possibilitando manobras no sub-bosque; correspondendo a um hábito arborícola e escansorial e maior equilíbrio sobre galhos e lianas. Uma maior amostragem dessa temática em áreas de Mata Atlântica pode auxiliar na compreensão e identificação de padrões no uso do espaço pelas espécies.

Palavras-chave: Didelphidae, forma, morfometria geométrica.

Financiamento:

CAPES e FAPITEC.

Área

Ecologia

Autores

Italy Tainá Santos Pinto, Adriana Bocchiglieri