Dados do Trabalho

Título:

INVENTARIO DE QUIROPTEROS DO CENTRO DE ENDEMISMO PERNAMBUCO (CEP), ESTADO DE ALAGOAS

Resumo:

O bioma Mata Atlântica, apesar de majoritariamente composto por fragmentos florestais menores de 250 hectares, sendo fortemente impactado por pressões antrópicas, ainda apresenta elevados índices de riqueza e endemismo, os quais se devem, entre outros fatores, à diversidade topográfica e climática da região. Uma das áreas de destaque nesse cenário é o Centro de Endemismo Pernambuco (CEP), que se estende ao norte do Rio São Francisco pelos estados de Alagoas, Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte, com uma área original de 76.938 km², mas restando apenas 12% desse total atualmente. Cerca de 48% dos fragmentos remanescentes são menores que 10 ha e encontrados majoritariamente dentro de propriedades particulares, como grandes usinas produtoras de álcool e açúcar. Em Alagoas, onde este inventário foi conduzido, as unidades de conservação de proteção integral representam cerca de 0,2% do território. Pouco se sabe a respeito de diversos grupos de mamíferos nessa região, incluindo os morcegos, grupo no qual a região nordeste é apontada como uma das áreas de maior riqueza potencial no Brasil. Dessa forma, realizamos o inventário dos quirópteros em setembro de 2019 e novembro/dezembro de 2021 em cinco fragmentos (Mata da Cachoeira, Mata do Coimbra, RPPN Placas e Carlos Lyra, Estação Ecológica de Murici e Mata do Cedro), abrangendo desde a porção norte até o centro de Alagoas. Em cada fragmento foram instaladas dez redes de neblina em três diferentes pontos e noites de amostragem, totalizando um esforço total de 19.800 metros² de rede hora (m².r.h). A identificação taxonômica das espécies foi realizada em campo, através da análise de caracteres quantitativos e qualitativos de morfologia externa, bem como em laboratório, incluindo o exame de caracteres crânio-dentários para os espécimes testemunho. Foram amostrados 373 indivíduos pertencentes a 27 espécies, 21 gêneros e três famílias: Família Emballonuridae (2 Saccopteryx bilineata; 1 Rhynchonycteris naso); Família Vespertilionidae (4 Myotis nigricans); Família Phyllostomidae – Subfamílias Carolliinae (139 Carollia perspicillata); Rhinophyllinae (3 Rhinophylla cf. pumilio); Desmodontinae (15 Desmodus rotundus; 2 Diphylla ecaudata); Glossophaginae (2 Glossophaga soricina; 2 Lichonycteris degener); Lonchophyllinae (1 Hsunycteris thomasi); Glyphonycterinae (3 Trinycteris nicefori); Micronycterinae (5 Micronycteris cf. megalotis); Phyllostominae (7 Trachops cirrhosus; 3 Lophostoma silvicola; 8 Phyllostomus discolor; 4 Phyllostomus elongatus; 10 Phyllostomus hastatus; 1 Tonatia cf. bidens); e Stenodermatinae (12 Artibeus (Artibeus) fimbriatus; 73 Artibeus (Artibeus) lituratus; 1 Artibeus (Artibeus) obscurus; 26 Artibeus (Artibeus) planirostris; 39 Artibeus (Dermanura) cinereus; 1 Chiroderma cf. villosum; 3 Platyrrhinus recifinus; 2 Vampyressa cf. pusilla; 5 Sturnira lilium). Nossos dados se aproximaram de outros inventários realizados anteriormente no CEP em relação à diversidade de espécies, à espécie mais abundante (Carollia perspicillata) e à família mais representativa (Phyllostomidae). Destacamos que nosso inventário complementa outros já realizados na região, além de registrar dados inéditos para o CEP e/ou para Alagoas, como o registro de Hsunycteris thomasi e Lichonycteris degener. Estes resultados ressaltam a elevada diversidade presente em Alagoas, mesmo sendo uma das regiões menos amostradas do CEP, apontando para a importância da preservação destes remanescentes de vegetação nativa no estado.

Palavras-chave: diversidade, mamíferos, Mata Atlântica, morcegos, nordeste brasileiro.

Financiamento:

Capes (2020/88887.498109) e Fapesp (2017/23548-2).

Área

Inventário de espécies