11º Congresso Brasileiro de Mastozoologia e 11º Encontro Brasileiro para o Estudo de Quirópteros

Dados do Trabalho


Título:

ECTOPARASITOS DE MORCEGOS EM AREAS VERDES URBANAS DA GRANDE ARACAJU, SERGIPE

Resumo:

Em áreas urbanas e degradadas, a abundância de ectoparasitos pode ser influenciada pelo aumento da densidade populacional humana e pela fragmentação do hábitat, onde em ambientes urbanos haveria uma diminuição das taxas de prevalência e intensidade média de infestação em comparação aos ambientes florestais. Esse trabalho teve como objetivo caracterizar a comunidade de ectoparasitos associados a morcegos em áreas verdes urbanas da Grande Aracaju, Sergipe. Buscou-se identificar as infracomunidades, descrever os índices de especificidade e as taxas parasitológicas, verificar a agregação parasitária nos hospedeiros e avaliar a influência do sexo do hospedeiro e da sazonalidade nessas taxas. Esse trabalho foi realizado no Campus São Cristóvão da Universidade Federal de Sergipe, na Secretaria de Estado da Fazenda de Sergipe e na Vila Militar dos Oficiais do Exército. As campanhas de campo foram realizadas mensalmente, durante duas noites consecutivas, entre setembro/2019 e fevereiro/2021. Foram dispostas 10 redes de neblina no interior e borda das áreas e os ectoparasitos coletados foram armazenados em álcool 70%. Para os morcegos parasitados obtiveram-se o índice de especificidade, as taxas parasitológicas e o nível de agregação dos parasitos. Para os morcegos mais parasitados foi verificada a influência do sexo do hospedeiro na taxa de prevalência, através do teste qui-quadrado, e na intensidade média através do teste t. Para a influência da sazonalidade sobre as mesmas taxas foi realizado GLM. Os morcegos parasitados pertencem às famílias Phyllostomidae (S=8) e Vespertilionidae (S=2). Os ectoparasitos correspondem às famílias Argasidae (N=3), Nycteribiidae (S=1; N=26), Spinturnicidae (N=76) e Streblidae (S=13; N=849). Os morcegos mais parasitados foram Artibeus lituratus, Artibeus planirostris, Platyrrhinus lineatus e Phyllostomus discolor. Os ectoparasitos mais abundantes foram Trichobius costalimai e Megistopoda aranea. A associação entre Phyllostomus hastatus e Trichobius longipes é considerada inédita para Sergipe. A maior riqueza na infracomunidade (S=3) ocorreu nos hospedeiros P. discolor e Sturnira lilium. Houve influência do sexo do hospedeiro nas taxas de prevalência entre A. lituratus e Trichobius sp. (complexo dugesii), Artibeus obscurus e M. aranea e A. planirostris e M. aranea, sendo os maiores valores obtidos sobre as fêmeas que pode ser explicada pela maior suscetibilidade destas ao parasitismo decorrente do maior tempo de permanência nos abrigos. Para a sazonalidade, foi observada a influência da temperatura na prevalência e intensidade média para a interação entre A. lituratus e Paratrichobius longicrus, havendo um decréscimo dessas taxas durante as épocas com temperatura mais alta. Para P. lineatus e Trichobius angulatus houve influência da temperatura na prevalência, sendo observado o mesmo padrão apresentado na interação anterior. A intensidade média obtida para P. discolor e T. costalimai foi influenciada pela precipitação e temperatura, havendo também um decréscimo dessa taxa com o aumento da temperatura e o aumento desta com o aumento da precipitação. Essa influência pode ser decorrente das diferenças biológicas entre as espécies de parasitos. Esse trabalho traz dados relevantes sobre a interação parasito-hospedeiro, sobretudo para áreas urbanas e para o nordeste, ampliando o número de estudos para o estado de Sergipe e subsidiando estudos futuros.
Palavras-chave: índice de discrepância, Phyllostomidae, Streblidae, taxas parasitológicas, urbanização.

Financiamento:

Bolsa CAPES para RHSB; FAPITEC/CAPES 2417/2013; 1941/2017

Área

Parasitologia/Epidemiologia

Autores

Rayanna Hellem Santos Bezerra, Adriana Bocchiglieri