11º Congresso Brasileiro de Mastozoologia e 11º Encontro Brasileiro para o Estudo de Quirópteros

Dados do Trabalho


Título:

Monitoramento de abrigo de Myotis albescens em área de floresta ombrófila mista

Resumo:

Ações para conservação de espécies envolvem estudos que tenham como objetivo a elucidação de tendências populacionais, área de vida, utilização de abrigos, longevidade, deslocamentos sazonais, dentre outros aspectos. Morcegos são animais de extrema relevância para os ecossistemas naturais e para aqueles modificados pelo homem, precisando ter sua história natural bem compreendida. Marcação de morcegos de maneira segura e duradoura é uma ferramenta que auxilia nestes estudos. O objetivo deste trabalho foi monitorar abrigo utilizado por morcegos insetívoros em unidade de conservação de uso sustentável em ambiente de Floresta Ombrófila Mista (Floresta com araucárias) e verificar a eficiência da marcação com anilhas metálicas com abas. O telhado de uma casa de madeira e telhas de cimento-amianto na Floresta Nacional de São Francisco de Paula, no município de mesmo nome no RS (29º25’27,8”S 50º23’11,9”W) serve como abrigo diurno e maternidade a morcegos insetívoros, sendo Myotis albescens a espécie mais abundante. Esta unidade de conservação possui área de 1.615,6 ha. Clima na região é classificado como subtropical, tendo temperaturas mais quentes no verão, atingindo 34°C e baixas no inverno, com mínima registrada de –6,5°C. Não há período de seca e a precipitação média anual é de 2.240 mm. Os morcegos foram capturados com emprego de puçá na saída do abrigo ao anoitecer e anilhados no período entre janeiro/2018 e fevereiro/2022. Após pesagem, realização de medições corporais, verificação do sexo e estado reprodutivo aparente e anilhamento do antebraço direito nas fêmeas e esquerdo nos machos, os morcegos eram colocados em caixa de soltura de madeira de onde podiam sair voando na mesma noite para retornarem ao seu abrigo ou iniciarem suas atividades de forrageamento. As anilhas empregadas foram de dois tipos básicos: modelo importado (Porzana Reino Unido) com diâmetro 2,9 mm e modelo nacional. O patágio junto ao antebraço não era perfurado durante o anilhamento e a anilha ficava livre para correr ao longo do antebraço. Total de 333 morcegos foram anilhados, sendo que 65 (19,5%) indivíduos foram recapturados entre uma e três vezes. Fidelidade ao abrigo foi observada em 37 indivíduos (57% das recapturas) que foram recapturados em período de um ano ou mais. A proporção sexual foi 254 fêmeas (76%) e 79 machos (24%). Dentre os animais recapturados, 57 indivíduos eram fêmeas (87,7 %) e 8 eram machos (12,3 %). Fêmeas observadas grávidas nos meses de novembro e dezembro. Amamentação verificada no final de outubro a início de fevereiro. Recrutamento dos jovens, principalmente, entre janeiro e março. Inatividade reprodutiva aparente entre abril e agosto. Dentre os morcegos recapturados, foram observados 51 indivíduos (78 %) sem nenhuma injúria provocada pela anilha e 14 (22 %) com injúrias no antebraço devido à anilha de baixa qualidade. Todas as injúrias foram observadas em morcegos que receberam as anilhas nacionais, sendo desde pequenos machucados como furos no patágio junto ao antebraço até inchaço no antebraço ou furo do tamanho da anilha, sendo necessário retirá-la para evitar sofrimento e possibilitar a recuperação do indivíduo. Palavras-chave: anilhamento, fidelidade ao abrigo, marcação, recaptura, reprodução

Financiamento:

Área

Ecologia

Autores

Rosane Vera Marques