11º Congresso Brasileiro de Mastozoologia e 11º Encontro Brasileiro para o Estudo de Quirópteros

Dados do Trabalho


Título:

PEQUENOS MAMIFEROS NAO-VOADORES DO CENTRO DE ENDEMISMO PERNAMBUCO: INVENTARIO DA RPPN MATA DO CEDRO

Resumo:

A Mata Atlântica é o segundo bioma com maior número de mamíferos brasileiros, e o constante aumento na diversidade deste grupo ressalta a importância de inventários, em especial em áreas de lacunas de amostragem, como é o caso do Centro de Endemismo Pernambuco (CEP). O CEP, localizado na porção norte da Mata Atlântica, consiste em um “hotspot”, visto que possui elevada riqueza, porém encontra-se altamente degradado, com menos de 6% de sua cobertura original, fragmentado e imerso numa matriz de cana de açúcar e pastagens. O objetivo deste estudo foi amostrar e caracterizar a comunidade de pequenos mamíferos não-voadores da RPPN Mata do Cedro, Alagoas, um remanescente de 900 hectares. Foram amostrados cinco pontos neste fragmento, sendo instaladas 20 armadilhas nos modelos Sherman e Tomahawk espaçadas 15 metros entre si, além de cinco estações de armadilhas de interceptação e queda (Pitfalls), compostas por quatro baldes de 60 litros dispostos em “Y” e espaçados por cinco metros, sendo cada estação espaçada 15 metros entre si. As armadilhas ficaram abertas durante 10 dias consecutivos em cada ponto, somando um esforço de 1.000 baldes-noite e 1.000 armadilhas-noite. Os espécimes de marsupiais e pequenos roedores foram analisados qualitativa e quantitativamente com base em guias de identificação de espécies e na literatura especializada, incluindo estudos de taxonomia e sistemática destes grupos. Foram capturados 28 indivíduos, sendo 19 marsupiais, identificados em cinco espécies: Didelphis aurita Wied-Neuwied, 1826, Marmosa demerarae (Thomas, 1905), Monodelphis domestica (Wagner, 1842), Metachirus myosuros (Temminck, 1824) e Gracilinanus emiliae (Thomas, 1909); e nove roedores, classificados em três espécies: Oligoryzomys mattogrossae (Allen, 1916), Nectomys squamipes Brants, 1827 e Calomys mattevii Gurgel-Filho, Feijó & Langguth, 2015. O padrão de maior riqueza de marsupiais em comparação à de roedores, previamente obtido em outras regiões do CEP, se manteve, diferindo da maioria das comunidades de pequenos mamíferos brasileiros. Apesar da baixa riqueza encontrada, de oito espécies, o presente estudo obteve registros inéditos, como o primeiro registro da espécie amazônica G. emiliae e da espécie típica de formações abertas C. mattevii, ampliando a distribuição destes táxons para o CEP, e de M. myosuros para o estado de Alagoas. As espécies com maior abundância foram D. aurita (11 indivíduos capturados) para os marsupiais, e O. mattogrossae (6 indivíduos capturados) dentre os roedores, diferindo de outros estudos realizados no CEP, onde houve uma maior abundância de M. myosuros para marsupiais, e de R. mastacalis e C. langguthi para os roedores, o que pode estar relacionado à diferenças em relação às regiões amostradas, como tamanho, integridade e conectividade florestal do remanescente, bem como o fato de amostrarmos a porção sul do CEP, diferentemente das outras áreas, situadas mais ao norte, principalmente nos estados de Pernambuco e Paraíba. Os dados do presente estudo aumentam o conhecimento sobre a diversidade e distribuição das espécies de marsupiais e roedores do CEP, contribuindo para futuras ações de conservação, como por exemplo na escolha de áreas prioritárias para a implementação de Unidades de Conservação e/ou Corredores Ecológicos.

Palavras-chave: Composição, Marsupiais, Roedores, Mata Atlântica, Nordeste.

Financiamento:

Área

Inventário de espécies

Autores

Gabriela Dias Alves Almeida, Roberta Paresque, Ana Paula Carmignotto