11º Congresso Brasileiro de Mastozoologia e 11º Encontro Brasileiro para o Estudo de Quirópteros

Dados do Trabalho


Título:

TAXONOMIA E DISTRIBUIÇAO DE MYOTIS (CHIROPTERA, VESPERTILIONIDAE) DO BRASIL

Resumo:

Estudos recentes indicam que a região Neotropical possui uma riqueza subestimada de espécies de morcegos do gênero Myotis, com limites taxonômicos entre as espécies ainda mal definidos, sobretudo devido à baixa diversidade fenotípica. Oito espécies são conhecidas para o Brasil: M. albescens, M. izecksohni, M. lavali, M. levis, M. nigricans, M. riparius, M. ruber e M. simus. Utilizando abordagem integrativa, reavaliamos os limites taxonômicos e geográficos das espécies de Myotis do Brasil. Para esse estudo, (i) inferimos as relações filogenéticas por Análise de Máxima Verossimilhança baseada em 38 sequências de citocromo-b; (ii) aplicamos análise de delimitação molecular de espécies a partir do modelo coalescente Poisson Tree Processes (PTP); (iii) realizamos análises morfológicas qualitativas a partir de caracteres craniodentários e externos de 1.406 espécimes; e (iv) rodamos análise das funções discriminantes (DFA) baseadas em 16 medidas craniodentárias. As populações de M. nigricans da Amazônia e Mata Atlântica foram recuperadas como parafiléticas. As demais espécies são monofiléticas. A PTP indicou existência de 10 linhagens evolutivas independentes, sendo duas para a parafilética M. nigricans, e duas para as populações de M. riparius da Mata Atlântica e Amazônia. Observamos uma sutil variação na forma da caixa craniana e coloração da pelagem entre as populações de M. nigricans da Amazônia e Mata Atlântica, porém a DFA não recuperou estrutura populacional. Observamos forte variação na morfologia craniana e coloração da pelagem entre as populações de M. riparius da Amazônia e Mata Atlântica, corroborando os resultados da PTP. A integração das análises morfológicas e moleculares sustenta que M. nigricans e M. riparius são compostas por pelo menos duas linhagens independentes cada. M. nigricans possui ocorrência exclusiva na Mata Atlântica, desde o sul da Bahia até Santa Catarina. Populações amazônicas anteriormente assinaladas como nigricans deverão ter seu status taxonômico revisto. No Brasil, M. riparius ocorre exclusivamente na Amazônia, enquanto populações da Mata Atlântica, de Pernambuco até Santa Catarina, provavelmente pertencem a uma espécie ainda não descrita. Para as demais espécies não há evidência de descontinuidade. Os resultados indicam que Myotis albescens está presente em todo o território brasileiro. Myotis izecksohni ocorre na Mata Atlântica, do Rio de Janeiro ao oeste do Paraná. Myotis lavali ocorre ao longo da diagonal seca, sobretudo Caatinga, Cerrado e Pantanal. Myotis levis ocorre na Mata Atlântica e Pampa, do Rio de Janeiro e sul de Minas Gerais até o Rio Grande do Sul. Myotis ruber ocorre na Mata Atlântica, do Pernambuco ao Rio Grande do Sul. M. simus possui populações disjuntas na bacia amazônica e no Pantanal, mas análises essas populações podem corresponder a espécies distintas. Adicionalmente, registramos a ocorrência de Myotis pampa para o Brasil a partir do registro de um espécime oriundo de Candelária, Rio Grande do Sul. Esse estudo confirma ocorrência de nove espécies de Myotis no Brasil e levanta a possibilidade de pelo menos mais duas espécies putativas.

Palavras-chave: Filogenia, Myotinae, revisão taxonômica.

Financiamento:

FAPERJ; CNPq.

Área

Sistemática e Taxonomia

Autores

Roberto Leonan Morim Novaes, Ricardo Moratelli