11º Congresso Brasileiro de Mastozoologia e 11º Encontro Brasileiro para o Estudo de Quirópteros

Dados do Trabalho


Título do Simpósio:

ESTRATEGIAS E DESAFIOS PARA O ENSINO E DIVULGAÇAO DA MASTOZOOLOGIA

Resumo Geral do Simpósio:

O Comitê de Ensino e Divulgação Científica da Mastozoologia (CEDC-SBMz) foi criado em fevereiro de 2021 com o propósito de divulgar e aproximar o público aos mamíferos brasileiros. Para isso, o comitê conta com a parceria da Sociedade Brasileira de Ensino de Biologia (SBEnBio) e está realizando um diagnóstico com professores da educação básica sobre o ensino de mamíferos na educação básica, informações sobre o grupo, interesses e o conhecimento da SBMz. O intuito é mapear os principais interesses e dificuldades sobre a mastofauna brasileira, bem como conhecer os conteúdos que são abordados na prática docente para então, planejar ações educativas e de divulgação científica. Na abertura do simpósio, os resultados da pesquisa serão apresentados e irão subsidiar a discussão dos temas que se seguirão. Na sequência, serão abordados o panorama geral da divulgação científica no Brasil e sua importância como atividade de inclusão, democratização de conhecimento e desenvolvimento da cidadania. Posteriormente, serão apresentadas as atividades, estratégias e resultados de projetos específicos de divulgação e ensino da mastozoologia.

Nome do Palestrante 1 e Coordenador / Título da Fala / Resumo

Ricardo Tadeu Santori - Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).
Professor, a SBMz quer ouvir você.
O Comitê de Ensino e Divulgação Científica da Mastozoologia (CEDC-SBMz) atua em diferentes linhas, como por exemplo, na elaboração de formulários, levantamento de dados, preparação de materiais de ensino e divulgação e planejamento de eventos. Atualmente, o comitê conta a participação de cinco pesquisadores, sendo que alguns compõem esse simpósio e irão apresentar estratégias e ações para a divulgação científica em diferentes plataformas de comunicação, idéias de materiais paradidáticos elaborados, experiências e parcerias realizadas para alcançar diferentes públicos-alvo em prol do ensino e conscientização ambiental e dados de pesquisas junto a professores da educação básica sobre seus interesses com a mastozoologia. Além disso, será abordado também o levantamento feito entre os mastozoólogos com o intuito de apontar ações desenvolvidas pelos associados à SBMz para o ensino e divulgação científica. Sendo assim, pretendemos somar o debate gerado com esse simpósio, mais os dados levantados com os professores da educação básica e o dos associados à SBMz para o planejamento de futuras ações do comitê e poder contribuir com o ensino e divulgação da mastozoologia no Brasil.

Nome do Palestrante 2 / Título da Fala / Resumo

Paulo Henrique Colonese - Museu da Vida, Fiocruz
Divulgação Científica para melhores discordâncias.
Segundo Fischhoff: “O objetivo da comunicação científica não é obter concordâncias, mas reduzir e promover melhores discordâncias”. A importância da Divulgação Científica deve estar articulada com os princípios fundamentais que as instituições científicas defendem para sua relação com a sociedade, como, por exemplo: (1) Ciência e Democracia; (2) Ciência como parte integrante dos Direitos Humanos; (3) Ciência e Desenvolvimento Sustentável; (4) Solidariedade como princípio de Funcionamento da Ciência. A Divulgação Científica tem como estratégia fundamental para garantir esses princípios em suas ações, o compartilhamento de informações para que o conhecimento possa ser apropriado e o contínuo diálogo com a sociedade. Isso se torna mais crítico no contexto atual. A Divulgação Científica atual vive em um contexto caracterizado por Gawande (2018) em três elementos: (1) aumento de uma desconfiança pública da Ciência ao longo do tempo; (2) confusão entre ciência e pseudociênci, e (3) a necessidade de discutir e promover ideias com curiosidade, questionamento investigativo, abertura e organização para modelar a busca da verdade, como marca da ciência. Cientistas e instituições de pesquisa precisam defender e divulgar suas missões e valores (princípios) científicos que possam sulear de modo efetivo suas ações de Divulgação Científica.

Nome do Palestrante 3 / Título da Fala / Resumo

Caryne Braga - Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (UENF).
Mastocafé: uma proposta educacional de mastozoologia por meio de uma mídia social de amplo alcance.
O ensino de ciências e biologia é de suma importância para a formação de cidadãos capazes de identificar bases e soluções para os problemas ambientais, socioeconômicos e políticos que a sociedade enfrenta diariamente. As mídias sociais têm se mostrado importantes meios de difusão de conhecimentos científicos, especialmente em tempos de isolamento social e atividades educativas remotas em virtude da pandemia de COVID-19. Assim, um grupo formado por professores e estudantes da UENF, UFRJ e UFMG desenvolveram um perfil intitulado Mastocafé com objetivo de divulgar ao público geral a mastozoologia em diferentes aspectos, como por exemplo: taxonomia, ecologia, morfologia e mastozoólogos brasileiros. O projeto usa as redes sociais Instagram, Twitter e Tik Tok. As páginas apresentam postagens temáticas focadas em mamíferos, especialmente em espécies brasileiras, e conta com um cuidadoso trabalho gráfico ricamente ilustrado e uma linguagem adequada ao público não-acadêmico.

Nome do Palestrante 4 / Título da Fala / Resumo

Luiza Gasparetto - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
Além da universidade: divulgação científica, educação ambiental e ciência cidadã para a conservação dos tuco-tucos.
A divulgação científica é uma prática fundamental na conservação da biodiversidade, uma vez que permite que a comunidade não-acadêmica conheça mais sobre ciência e o quanto ela pode estar presente na sua realidade. Além disso, a popularização da ciência pode permitir que os cidadãos participem ativamente do processo de construção do conhecimento. Em um mundo onde não se compreende como a ciência é produzida e sua importância devido à disseminação de notícias falsas e ao negacionismo científico, a divulgação científica se torna cada vez mais relevante. Os tuco-tucos são roedores subterrâneos que habitam regiões de campos arenosos e dunas costeiras. Esses roedores sofrem com ameaças constantes causadas pela fragmentação dos habitats, presença de animais domésticos, monoculturas e conflitos com a população local, causadas principalmente pela desinformação. Diante disso, o Projeto tuco-tuco atua com o objetivo de popularizar a ciência produzida pela universidade através das mídias sociais, desmistificando conceitos pré-existentes sobre esses roedores, e também sensibilizando acerca da importância ecológica desses animais para fins de conservação tanto das espécies de tuco-tucos como de seus habitats. O Projeto tuco-tuco já foi destaque em diversas matérias de jornais, e também participou do documentário Brasil Selvagem: costa dos Pampas, produzido pela National Geographic, mostrando como um roedor pode ser um animal carismático e servir de espécie bandeira para conservação.

Nome do Palestrante 5 / Título da Fala / Resumo

Fernando Heberson Menezes - Universidade Federal do Ceará.
A raiz do Incisivos.
As pessoas têm grande empatia por grandes mamíferos. Porém, quando pensam em roedores, rapidamente associam à “praga” e “peste”, especialmente pelo hábito de roer objetos e comida com seus incisivos poderosos. Apesar da associação negativa devido a algumas poucas espécies, os roedores correspondem a quase metade das espécies de mamíferos. Eles desempenham serviços ecossistêmicos vitais, como dispersão de sementes, regulação do crescimento de plantas, aeração dos solos, servem de alimento para outros animais, além de atuarem como animais de companhia e modelos de estudos biomédicos. Portanto, o Projeto Incisivos tem como intuito não só educar a população leiga sobre a importância dos roedores, mas também atualizar os já atuantes da área, trazendo informações variadas, desde comportamento, até ecologia e sistemática através do bom humor nas postagens e eventos em nossas redes sociais. Apresentaremos as iniciativas realizadas e as futuras e como o público tem reagido à divulgação científica desse grupo de mamíferos tão seleto e renegado. Segundo o grupo especialista em roedores da IUCN: “É necessário um esforço educacional considerável para que os roedores gerem entusiasmo para sua conservação. (...) Precisamos lançar uma campanha educacional massiva, direcionada não apenas a explicar a importância e a diversidade deles, mas também a melhorar sua imagem como coabitantes necessários e desejáveis deste planeta”.

Nome do Palestrante 6 / Título da Fala / Resumo

Joana Zorzal Nodari - Universidade Federal do Espírito Santo.
Estratégias de ensino e divulgação científica usadas pelo Pró-Tapir para conectar pessoas durante a pandemia.
Ao longo de toda a pandemia do novo coronavírus, o contato social foi muito alterado, o que nos exigiu aprimorar as estratégias existentes e criar novas estratégias para restabelecer a rede de contatos entre as pessoas. Dentro desse contexto, o Instituto Pró-Tapir para a Biodiversidade criou diferentes formas para se aproximar das pessoas e manter suas ações de sensibilização e divulgação científica, com diferentes públicos. O Pró-Tapir aborda de forma pedagógica e com uma linguagem acessível, os aspectos ecológicos, econômicos e sociais relacionados à conservação da biodiversidade, especialmente dos ungulados e seus habitats, de forma que crianças, jovens e adultos entendam as mensagens que a natureza quer passar. Nessa caminhada para dispersar novas ideias, a arte tem sido uma grande aliada e tem fortalecido a conservação da nossa fauna e de seus habitats. Dentre as diferentes atividades propostas durante a pandemia, destacamos duas abordagens idealizadas pelo Instituto. A primeira, foi o material paradidático Plantando Novas Ideias (PNI), lançado de forma inteiramente digital e distribuído de forma gratuita para educadores de diversos segmentos. O PNI foi utilizado por vários professores das redes estadual e municipal do Espírito Santo em diferentes aplicações, o que demonstrou o potencial desse material na sala de aula. A segunda proposta foi estruturada para que estudantes, especialmente de escolas localizadas no entorno das áreas protegidas do Espírito Santo, recebessem o Kit "Dona Anta e seus amigos da Floresta visitam a sua casa". Muitas dessas crianças têm acesso parcial ou nenhum ao computador e internet, e o material escolar era entregue aos pais dos alunos nas escolas. Foram distribuídos 1250 kits para as crianças, no entorno de sete áreas protegidas, que dispersaram conhecimento sobre a nossa fauna, nossas áreas protegidas e, especialmente, sobre a importância em preservá-los.

Área

Educação Ambiental/Ensino

Autores

Ricardo Tadeu Santori, Paulo Henrique Colonese, Caryne Ricardo Braga, Luiza Gasparetto, Fernando Heberson Menezes, Joana Nodari Zorzal